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Diversidade
7/11/2025 14:00
Estou casado há 36 anos com o David, meu companheiro de vida e de tantas lutas.
Juntos, construímos uma família com três filhos - um de 24 anos, uma de 22 e outro de 20.
Nossa trajetória começou em um tempo em que o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda era tabu.
Da militância à conquista dos direitos
Em 1992, começamos a discutir a questão do casamento gay e realizamos, em 1995, o 8º Encontro Brasileiro LGBT, em Curitiba.
Naquela época, junto com a então deputada Marta Suplicy, debatemos o projeto da Parceria Civil Registrada, uma proposta pioneira que buscava reconhecer legalmente as uniões homoafetivas no Brasil.
Mais tarde, em 2008, iniciamos a estratégia jurídica para levar o tema ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foram anos de articulação, mobilização e esperança.
E, finalmente, nos dias 4 e 5 de maio de 2011, o STF decidiu por unanimidade reconhecer a União Estável entre pessoas do mesmo sexo, garantindo os mesmos direitos das uniões heterossexuais.
Pouco tempo depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ampliou esse reconhecimento para o casamento civil.
Eu e o David tivemos a alegria e a honra de sermos um dos primeiros casais gays a nos casarmos oficialmente no Brasil.
Esse foi um marco não apenas em nossa história pessoal, mas também na luta pelos direitos civis e pela dignidade das famílias homotransafetivas no país.
Avanços e conquistas
Mais de três décadas depois, é emocionante ver o quanto avançamos.
De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o número de uniões homoafetivas no país cresceu mais de 700% entre 2010 e 2022, passando de 58 mil para 480 mil lares.
Esse aumento expressivo reflete não apenas uma maior formalização das relações, mas também o avanço da liberdade de amar e viver com dignidade.
Em 2024, os registros de casamentos civis homoafetivos também bateram recorde: foram 14.144 uniões, um crescimento de 26% em relação a 2023.
Cada uma dessas cerimônias é um ato de amor e resistência - um passo a mais na consolidação da igualdade.
Um retrato da diversidade familiar brasileira
Os dados revelam que as mulheres representam 58,2% das uniões homoafetivas registradas em 2022 - um aumento em relação a 2010 (53,8%).
Também houve crescimento na escolaridade: 31% das pessoas em uniões homoafetivas têm ensino superior completo.
A maioria se declara católica (45%) ou sem religião (21,9%), refletindo o pluralismo da sociedade brasileira.
A região Sudeste ainda concentra o maior número de uniões, embora sua participação tenha diminuído desde 2010 - o que mostra que o amor e a diversidade estão se espalhando por todo o país.
O amor como fundamento das famílias
Esses números contam histórias de coragem.
São casais que decidiram sair das sombras e afirmar: Nossa família também é legítima.
Quando, lá atrás, começamos a sonhar com o reconhecimento do casamento homoafetivo, muitos diziam que queríamos "destruir as famílias".
Hoje, está claro que nós ajudamos a fortalecê-las.
Acreditamos em todas as formas de amor e de família - sejam elas heteroafetivas, homoafetivas, monoparentais ou reconstituídas.
Defender a diversidade familiar é defender o direito de cada pessoa viver com respeito, proteção e afeto.
O futuro é de inclusão e amor
Como presidente da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH), tenho orgulho de ver tantas histórias se consolidando - tantos casais criando filhos com amor, educação e valores humanos.
Isso mostra que o Brasil está amadurecendo e reconhecendo que o que define uma família é o amor, não o gênero das pessoas que a compõem.
O futuro é de inclusão, respeito e afeto.
E ele começa dentro de cada lar que se constrói sobre a base do amor verdadeiro.
Nossa família é tão importante quanto a sua. Vamos nos respeitar?
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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