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Consciência Negra
20/11/2025 9:00
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, não é apenas uma data de memória, mas um convite para enxergar o presente e projetar o futuro. E esse futuro tem rosto, cor e nome: é a juventude negra. Uma geração que, apesar das desigualdades, vem ocupando espaços, criando soluções e transformando a realidade brasileira com criatividade e coragem.
Mais de 56% dos jovens brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos, segundo o IBGE (2023). Eles representam a maioria da população em idade produtiva e o maior potencial de inovação do país. Mas ainda enfrentam barreiras históricas que limitam oportunidades: dificuldade de acesso a uma educação de qualidade, ao primeiro emprego e à mobilidade social. Além disso, o Atlas da Violência (IPEA, 2023) mostra que a cada dez jovens vítimas de homicídio, sete são negros - um dado alarmante que revela o quanto o racismo estrutural ainda define destinos.
Mesmo diante desse cenário, o que mais impressiona é a força dessa juventude. Em todo o Brasil, jovens negros têm se destacado nas universidades, na tecnologia, na política, nas artes e no empreendedorismo. Iniciativas como o PerifaLab, que forma jovens periféricos em inovação e economia digital, e o Instituto Steve Biko, em Salvador, que prepara estudantes negros para o ensino superior, mostram o poder transformador do conhecimento.
A juventude negra é também símbolo de criatividade e resistência. Nas redes sociais, jovens influenciadores e produtores de conteúdo têm usado suas vozes para promover representatividade e gerar renda. No empreendedorismo, jovens criam marcas que expressam identidade e orgulho racial, movimentando a economia e inspirando novas gerações. O que antes era invisibilidade hoje se torna presença, expressão e liderança.
Esses avanços mostram que o 20 de novembro não é um dia de lamento, mas de afirmação. É o reconhecimento de que o país só será plenamente democrático quando garantir à juventude negra oportunidades reais de crescer, estudar e sonhar. O talento está presente - o que falta é o acesso.
As políticas públicas voltadas à juventude negra ainda são escassas. É urgente ampliar o investimento em educação técnica, crédito, cultura e tecnologia, além de combater a evasão escolar e o desemprego. Não se trata de assistencialismo, mas de justiça social e de inteligência estratégica. O Brasil precisa da juventude negra para inovar, produzir e construir um futuro mais equilibrado e próspero.
O 20 de novembro deve ser lembrado como um marco de esperança. Uma data que nos lembra que, mesmo diante das desigualdades, há uma geração disposta a mudar a história. Uma geração que não espera ser convidada para o futuro - está construindo o seu próprio.
A juventude negra brasileira é potência em movimento. Está nos palcos, nos laboratórios, nas universidades e nas favelas. É a prova viva de que quando há oportunidade, o talento floresce. O 20 de novembro é, portanto, o dia de reafirmar que o futuro do Brasil será tão grande quanto o espaço que oferecermos aos nossos jovens - especialmente aos que nunca desistiram de sonhar, mesmo quando o país parecia lhes negar o direito de existir plenamente.
Fontes
IBGE - Síntese de Indicadores Sociais (2023)
IPEA - Atlas da Violência 2023
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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