Arthur do Val tem o mandato cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo

O plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) cassou, nesta terça-feira (17), o mandato do ex-deputado estadual Arthur do Val (União), conhecido como "Mamãe Falei", por quebra de decoro parlamentar. Ao todo, foram 73 votos a favor, nenhum voto contrário e nenhuma abstenção. Mesmo tendo renunciado ao mandato em abril, o julgamento prosseguiu pois a renúncia se deu após a instauração do processo. A cassação implica na perda dos direitos políticos de Arthur do Val. O ex-deputado ficará inelegível por oito anos, de acordo com a Lei Complementar nº 135, popularmente conhecida como Lei da Ficha Limpa. O ex-parlamentar viajou à Ucrânia, país que está em guerra e vem sendo invadido pela Rússia, em março. Durante a viagem, falas machistas sobre as mulheres ucranianas de Arthur do Val vazaram nas redes sociais. "Elas são fáceis, porque elas são pobres. E aqui, minha carta do Instagram cheia de inscritos, funciona demais. (.) É inacreditável a facilidade. (.) Elas são gold diggers, que falam. (.) E essas cidades mais pobres são as melhores. (.) Já estou comprando minha passagem para o leste europeu para o ano que vem assim que chegar em São Paulo", afirmou nos áudios. Ele também comparou a fila de refugiadas "à fila de uma balada". "Imagina uma fila de, sei lá, de 200 metros ou mais, só deusa (...). Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiadas aqui". Em coletiva de imprensa ao chegar no Brasil, o deputado afirmou reconhecer o teor machista das mensagens, e disse se desculpar a todas as mulheres que tenha ofendido. Também confirmou a autoria dos áudios, que disse ter enviado a um grupo de amigos quando estava em um ponto de acolhimento na Eslováquia, um dos destinos para a população ucraniana refugiada. Em nota, o ex-deputado Arthur do Val disse que sua cassação tratou de um processo de "perseguição política": "A decisão do plenário da Alesp deixa claro que foi promovida uma perseguição contra Arthur do Val e que o motivo principal não era o seu mandato, ao qual já renunciou, mas sim retirá-lo da disputa eleitoral deste ano". Arthur do Val chegou a ser cotado como pré-candidato do Podemos ao governo de São Paulo nestas eleições. O deputado estadual também tinha como pretensão uma eventual candidatura à Câmara dos Deputados. "A desproporção da sua punição fica evidente já que a mesma Casa foi branda em relação a casos muito mais graves, como o do parlamentar Fernando Cury, que apalpou os seios de uma deputada e foi suspenso por apenas seis meses".