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Congresso em Foco
16/10/2006 | Atualizado às 8:26
Enquanto a eleição presidencial registrou o menor número de votos brancos e nulos das últimas quatro eleições, a eleição para deputado federal caminhou no sentido inverso. Na escolha dos representantes na Câmara, o percentual de nulos cresceu 66%, e o de brancos, 34%, em relação à eleição passada. O total de votos não válidos em relação ao total passou de 7,6%, em 2002, para 11,1%, em 2006.
Já na eleição presidencial, 8,4% dos eleitores decidiram invalidar o voto no último dia 1º, contra 10,4% de 2002 e 18,7% da eleição de 1998. Segundo especialistas ouvidos pela Folha de S. Paulo, a onda de escândalos que atinge o Congresso e mudanças na legislação eleitoral aumentaram os votos nulos e brancos na corrida por uma vaga na Câmara.
No Rio de Janeiro, os votos nulos cresceram 127% e os brancos, 63%. Em São Paulo, esses números foram, respectivamente, de 109% e 27%. Em termos absolutos, em relação ao pleito de 2002, 4,5 milhões de eleitores a mais optaram por votar nulo ou em branco para deputado federal.
"Parece-me muito provável que o aumento de votos nulos e brancos nas eleições para o Legislativo esteja relacionado ao desgaste da imagem do Congresso em decorrência dos diversos escândalos que essa instituição protagonizou nos últimos tempos", disse à Folha Cláudio Gonçalves Couto, do Departamento de Política da PUC paulistana.
Para Jairo Nicolau, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do RJ (Iuperj) e autor de História do voto no Brasil (2002), uma hipótese provável foram as mudanças nas regras eleitorais, com a proibição de outdoors e camisetas, que influenciaram no aumento de nulos e brancos para a Câmara. "As campanhas proporcionais já têm menos cobertura da mídia. Isso, aliado ao desaparecimento das candidaturas nas ruas, atrapalhou principalmente os candidatos de opinião", diz Nicolau, dando como exemplo Delfim Netto (PMDB-SP), que não conseguiu a reeleição.
Apesar do aumento em relação a 2002, o número de nulos e brancos para o Legislativo federal fica longe da época em que o voto não era eletrônico. E isso é motivo de comemoração, segundo Carlos Ranulfo Melo, professor da Universidade Federal e Minas Gerais (UFMG) e autor de Retirando as cadeiras do lugar - migração partidária na Câmara dos Deputados. "Creio que estamos diante de uma boa notícia. Apesar de tudo o que ocorreu e de termos presenciado, aqui e ali, campanhas pelo voto nulo, o número de eleitores que optou por esse caminho foi muito pequeno", pensa ele.
"Felizmente, para a democracia brasileira, as pessoas continuam acreditando que o melhor é escolher alguém, ainda que, em muitos casos, essa escolha se realize na última hora e com base em pouca informação", afirmou Ranulfo.
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