O relatório final da CPI dos Correios, cuja votação está prevista para esta tarde, contém pelo menos um erro jurídico grave. No capítulo reservado aos indiciamentos, o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) pede a punição de um catarinense que está morto, informou hoje o jornal Correio Braziliense. Trata-se de José Adelar Nunes, ex-tesoureiro do PT em Santa Catarina. Ele morreu em 12 de junho de 2004, aos 31 anos, vítima do rompimento de um aneurisma.
De acordo com a lista de sacadores do empresário Marcos Valério de Souza, apontado como operador do mensalão, Nunes teria retirado R$ 50 mil de suas contas em 26 de abril de 2004. A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), disse ter alertado Serraglio sobre a morte do ex-tesoureiro. Mesmo assim, o nome do petista foi parar no relatório final da CPI.
No parecer, o relator sugere ao Ministério Público que Nunes - junto com outros 24 ex-tesoureiros e ex-assessores do PT - seja indiciado por crime eleitoral, sonegação fiscal e corrupção passiva.
A assessoria de Serraglio informou ontem que o parlamentar vai checar a certidão de óbito para saber se retira Nunes do texto final. A idéia agora é saber se outro tesoureiro que trabalhou para o PT catarinense pode ser responsabilizado pelo saque na conta de Valério.
"Esse não é o único exemplo de equívoco no relatório. Uma CPI que suscitou tanta polêmica acaba também inflando egos e comportamentos. Na ânsia de agradar a opinião pública e mostrar trabalho, às vezes acaba-se errando", reagiu Ideli.