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Dirceu será cassado, diz oposição

Congresso em Foco

4/8/2005 11:11

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Edson Sardinha e Ricardo Ramos


Apesar de faltarem cinco meses para a conclusão dos seus trabalhos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios caminha para um desfecho quase inimaginável até o início da maior crise do governo Lula: a cassação do deputado José Dirceu (PT-SP). A avaliação é do líder da oposição no Senado, José Jorge (PFL-PE), para quem a CPI já tem elementos mais que suficientes para confirmar as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) contra o ex-ministro da Casa Civil e dirigentes do Partido dos Trabalhadores.

"Dirceu era o chefe. Na realidade, temos de cassar principalmente o ex-ministro José Dirceu", afirma o pefelista, ao se referir ao suposto esquema de arrecadação de dinheiro público em empresas estatais para o pagamento de mesada a parlamentares da base aliada, em troca de apoio ao governo nas votações. Para José Jorge, a ligação do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do mensalão, com a cúpula do PT compromete o ex-homem forte do Palácio do Planalto e ameaça o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Esse grupo era comandado pelo deputado José Dirceu, com a participação do ex-deputado José Genoino, do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do secretário-geral Sílvio Pereira e do secretário de Comunicação do partido, Marcelo Sereno", diz. "É difícil acreditar que o presidente Lula não tenha nada a ver com isso", complementa o senador, que é suplente da comissão.

O ex-ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique Cardoso responsabiliza Lula pelo agravamento da crise política, mas garante que a oposição não tem interesse em ver o presidente encerrar o mandato prematuramente. Na opinião dele, o petista errou ao não reduzir o número de ministérios e insistir na manutenção de auxiliares envolvidos em denúncias de irregularidades. "Na realidade, temos o mandato do presidente mantido, mas o governo Lula acabou, sem dúvida", considera.

Congresso em Foco - Que conclusão é possível tirar das investigações já feitas pela CPI dos Correios?

José Jorge
- A conclusão que se tem - e nós precisamos prová-la - é de que o governo montou um esquema para conseguir apoio na Câmara como um todo a partir do pagamento de dinheiro para que deputados votassem a favor de suas propostas. Está tudo se encaminhando para que isso seja provado. Temos as declarações do deputado Roberto Jefferson, e de gente que viu o dinheiro, como a secretária Fernanda Karina, saindo dos saques do publicitário Marcos Valério. Há muitos sintomas. Estamos abrindo as contas e investigando os depósitos para verificar o caminho dessas despesas.

Mas ainda foi comprovado que algum deputado tenha recebido o mensalão. O senhor acredita que já há um fato que comprove o pagamento de mesada?

Já tem fato demais. Eles apareceram mais rapidamente do que eu pensava. Qual o fato concreto se espera? Ninguém vai pegar esse dinheiro e botá-lo na própria conta. O mensalão tem dois lados: o da despesa e o da receita. Para o primeiro, já há todos os indícios - muita gente dizia que existia. O primeiro fato concreto é a declaração do deputado Roberto Jefferson. A informação foi confirmada pelo tesoureiro do PTB e, depois, pelo líder do partido na Câmara, José Múcio. Do lado da receita, os indícios também aumentam. Descobriu-se esse Marcos Valério, até então desconhecido, que se tornou personagem nacional. Juntamente com o tesoureiro Delúbio, ele recolhia dinheiro em diversas estatais. Nos Correios, já tínhamos uma gravação importante. No IRB já temos uma série de indícios.

"Esse grupo era comandado pelo deputado José Dirceu, com a participação do ex-deputado José Genoino, do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do secretário-geral Sílvio Pereira e do secretário de Comunicação do partido, Marcelo Sereno"

Na avaliação do senhor, quais são os indícios mais graves?

Os mais graves são as retiradas milionárias em dinheiro do senhor Marcos Valério. Uma pessoa normal paga quase tudo no cartão. Ele tirou R$ 20 milhões em dois anos. Esse dinheiro não era para ser utilizado de forma correta. Se fosse, não precisava tirar em dinheiro. A CPI está abrindo os sigilos fiscal e bancário, e vamos chegar aos verdadeiros culpados. Não tenho dúvida de que esse grupo era comandado pelo deputado José Dirceu, com a participação do ex-deputado José Genoino, do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do secretário-geral Sílvio Pereira e do secretário de Comunicação do partido, Marcelo Sereno. Eles se organizaram para aparelhar o Estado, principalmente as estatais mais ricas. E tiraram benefícios financeiros para os partidos políticos aliados do governo na relação entre as estatais e as empresas privadas.

"Esse governo é assim: o chefe nunca conhece as coisas; os subordinados fazem tudo o que querem, geralmente de forma errada. (...) É difícil acreditar que o presidente Lula não tenha nada a ver com isso"

O presidente Lula está fora desse esquema que o senhor identifica?

Não interessa a nós da oposição que o presidente Lula esteja envolvido nessa questão. É muito difícil acreditar que tudo isso tenha sido feito sem o conhecimento dele. Mas esse governo é assim: o chefe nunca conhece as coisas; os subordinados fazem tudo o que querem, geralmente de forma errada. Quando estourou o escândalo dos bingos, diziam que o José Dirceu não sabia de nada. Quando ocorreu o caso dos Correios, o ministro das Comunicações também dizia que não tinha conhecimento. Quando houve a denúncia no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), o ministro da Fazenda afirmou que desconhecia o episódio. Com um rolo desse tamanho (o suposto mensalão), o presidente Lula diz que nunca tinha ouvido falar dele. O Roberto Jefferson, antes de denunciar, comentou isso com seis ministros. Na realidade, é difícil acreditar que o presidente Lula não tenha nada a ver com isso. Vamos rezar para que não tenha.

E, se tiver, o que vai acontecer?

Se tiver, ele vai ter de responder. Mas para o bem do país, para que possamos ter uma transição eleitoral não traumática, vamos torcer para que ele não tenha nada a ver com essa história.

"O governo reage como um dinossauro. Recebe um chute no rabo e o golpe só chega à cabeça uma semana depois. É uma reação sempre lenta e, na maioria das vezes, equivocada"

O presidente Lula tem reagido com a firmeza necessária para enfrentar a crise?

O governo reage como um dinossauro. Recebe um chute no rabo e o golpe só chega à cabeça uma semana depois. É uma reação sempre lenta e, na maioria das vezes, equivocada. O ministro José Dirceu deveria ter saído desde o caso Waldomiro Diniz. Foi preciso que Roberto Jefferson fosse para televisão dizer "sai, Zé, sai rápido". Só colocaram para fora os bagrinhos, os diretores das estatais. Os ministros são sempre preservados sob o argumento de que não sabiam de nada. É um governo inepto.

"Na realidade, temos o mandato do presidente mantido,
mas o governo Lula acabou, sem dúvida"

Mas a reação está vindo agora?

Agora, quando há três CPIs contra ele. Para um governo, a pior coisa que pode haver é uma CPI. Duas CPIs, nem se fala. Três CPIs, então, significa institucionalizar uma crise permanente no governo. Na realidade, temos o mandato do presidente mantido, mas o governo Lula acabou, sem dúvida.

O senhor acredita que o presidente Lula vá chegar até o fim do mandato?

Rezo para que sim. Mas só o encaminhamento dos fatos vai dizer isso.

Que desdobramento o senhor vê para a crise?

Será necessário cassar o mandato dos deputados que lideraram esse movimento.

"Dirceu era o chefe. Na realidade, temos
de cassar principalmente o ex-ministro José Dirceu"

Nesse grupo o senhor inclui o deputado José Dirceu?

Inclusive Dirceu. Todos aqueles que estiveram envolvidos. Dirceu era o chefe. Na realidade, temos de cassar principalmente o ex-ministro José Dirceu. Vamos ver quem é culpado. Se ficarem comprovados os indícios, a Câmara vai ter de cortar o mandato de todos os deputados que participaram do esquema para que a Casa seja preservada.

"O presidente Lula tem um partido por trás dele;
Collor não tinha. Lula tem uma popularidade que lhe
dá estabilidade, o que Collor também não tinha"

O senhor vê semelhanças entre a atual crise e a vivida pelo ex-presidente Collor?

São crises parecidas, com um esquema montado para aparelhar o Estado. A diferença é que o presidente Lula tem um partido por trás dele; Collor não tinha. Em segundo lugar, Lula tem uma popularidade que lhe dá estabilidade, o que Collor também não tinha. Hoje em dia a popularidade dele está concentrada naqueles que ganham menos de um salário mínimo, que são originários do Nordeste e têm nível educacional primário, ou seja, a parte mais pobre e menos informada da população. De qualquer maneira, temos de respeitar esse eleitorado que ainda acredita no presidente Lula. Qualquer medida como aquela contra Collor (pedido de impeachment) teria de ser feita a partir de provas que atinjam diretamente o presidente.

O governo ganha com a reforma ministerial que deve ser anunciada nos próximos dias pelo presidente?

Essa reforma ministerial é muito restrita. Na realidade, o presidente deveria, primeiro, reduzir o número de ministérios. Em segundo lugar, tirar os piores ministros. Não é esse o critério que ele usa. Lula sempre quer usar um critério objetivo em que não tenha a responsabilidade de decidir. Uma hora ele tira os ministros que têm mandato; outra hora, os que serão candidatos ou que tenham menos de 1,70 metro. Com esse critério, ele não usa o poder que a população lhe deu. Lula deveria ter só um critério: os ministros A, B e C são incompetentes; portanto, rua.

Uma das saídas seria a formação de um ministério de "notáveis", com autoridades destacadas da sociedade?

Acho difícil. O presidente Lula demora muito para agir. Deveria ter feito a reforma antes da crise. Não a fez, agora é tarde.

 
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