O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), afirmou nesta sexta-feira que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de manter a verticalização - regra que obriga os partidos políticos a reproduzirem nos estados as coligações feitas em nível federal - é um complicador para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terá dificuldades para ampliar sua aliança eleitoral. "Isso complica muito a vida do presidente Lula", disse Agripino.
O presidente Lula defendeu publicamente o fim da verticalização pouco antes da votação da emenda constitucional na Câmara, em dezembro último, cuja aprovação em Plenário determinou o fim da regra instituída pelo TSE.
A decisão do Tribunal agradou ao prefeito de São Paulo, José Serra, que insistia em manter em outubro de 2006 a regra de 2002. Para o senador José Agripino, o presidenciável do PSDB deve estar comemorando a decisão do TSE, pois ela "facilita a sua vida", além de "não dificultar em nada" a reprodução da aliança PSDB-PFL.
O senador avalia que a tese da candidatura própria do PMDB ficará enfraquecida, por causa das pressões dos diretórios e candidatos nos estados, que não querem ficar presos por ela. Se o TSE tivesse mantido a decisão do Congresso, que derrubou a verticalização para as eleições deste ano, o presidente Lula teria mais chances de fechar apoios no PMDB, independentemente do lançamento da candidatura própria, pois o partido estaria livre nos estados para montar seus palanques de acordo com seus interesses.
Ao contrário do colega de oposição, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), elogiou a decisão do TSE de manter a verticalização para as eleições deste ano. "A não verticalização prostitui a vida partidária. O Congresso não fez nenhuma reforma política e queria agora fazer uma contra-reforma. As coligações devem ter fundamento ideológico, pensando no Brasil, e não no município. Acho que foi uma atitude justa, jurídica e dificilmente não seria acompanhada pelo Supremo", afirmou o líder tucano.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) aprovou a decisão desta sexta-feira do TSE. O PT foi o único partido que votou contra a derrubada da verticalização em dezembro passado. Ele se disse favorável a essa obrigatoriedade, argumentando que ela fortalece a democracia.
Segundo Cardozo, a questão principal dessa discussão é o sistema político, e não o fato de o fim da verticalização favorecer este ou aquele partido político. A manutenção da verticalização dificultará, por exemplo, o apoio do PMDB ao PT. "Temos de sair do casuísmo e ver o que é bom para a democracia", afirmou Cardozo.