Há pelo menos 50 dias, o médico-legista Carlos Delmonte Printes, morto na última quarta-feira, trabalhava em um laudo complementar sobre o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel (PT), ocorrido em janeiro de 2002. Delmonte se dedicava a responder outras questões não abordadas no laudo original, a pedido dos promotores criminais de Santo André, que conduzem nova investigação sobre a morte do prefeito.
Delmonte foi responsável pela primeira necrópsia do corpo de Daniel. Especialistas em combate à corrupção e fraudes contra o Tesouro, os promotores Amaro José Thomé Filho, Adriana Ribeiro Soares de Morais e Roberto Wider Filho pediram-lhe, em 16 de agosto, resposta para mais 14 perguntas.
Naquele dia, o perito prestou depoimento aos promotores. Entre outras declarações, ele observou no exame sinais de torturas no corpo do prefeito, que levou oito tiros de arma de fogo. Ele revelou ainda ter sofrido censura de seus superiores no Instituto Médico Legal (IML), quando anunciou a descoberta.
Diante do mistério em torno da morte do perito - a sétima testemunha morta ao longo das investigações do caso Celso Daniel -, os promotores decidiram pedir, judicialmente, a busca e apreensão do laudo complementar, que pode estar em dois endereços do legista: o escritório da Rua Botucatu, 591, 17.º andar, e sua sala na sede do IML.
O legista também declarou que possuía outros documentos e fotos relevantes ao esclarecimento da verdade sobre a morte de Daniel. Os promotores temem pelo desaparecimento dos documentos.