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"(Severino) é uma pessoa sem alma", acusa governista

Congresso em Foco

16/9/2005 | Atualizado 26/9/2005 às 10:18

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Edson Sardinha e Diego Moraes

Ao debitar na conta do filho o cheque de R$ 7,5 mil que o incriminaria, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), aumentou a lista de mortos citados na série de escândalos que compõe a maior crise política do governo Lula. Em tramas protagonizadas por gente bem viva, pelo menos outros seis personagens permanecerão em eterno silêncio: uns na condição de suspeitos de irregularidades, outros na de testemunha. Mortos, não poderão confirmar nem desmentir os atos atribuídos a eles por parlamentares e assessores em depoimento nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e na Polícia Federal.

"A única prova (que tenho) é uma pessoa morta. Eu conversava muito com o Ralf. (...) É lamentável atribuir informações a uma pessoa que não está mais conosco, nem sequer para dizer que estou mentindo", admitiu, constrangido, o advogado Rogério Tadeu Buratti, ao apontar o ex-secretário municipal de Ribeirão Preto Ralf Barquete como única prova da denúncia de corrupção que fez contra o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Morto em junho de 2004, vítima de câncer no estômago, o ex-secretário teria detalhado a Buratti um esquema pelo qual a empresa Leão e Leão pagaria propina mensal no valor de R$ 50 mil à prefeitura do interior paulista na gestão de Palocci. Em depoimento à CPI dos Bingos, o advogado repetiu aquilo que havia contado à Polícia Federal: o dinheiro era recebido por Barquete e repassado ao diretório do PT sob consentimento do então prefeito. Apesar da ausência da principal peça desse quebra-cabeça, a denúncia provocou alterações no mercado financeiro: fez subir o dólar e forçou pra baixo os indicadores da Bolsa de Valores.

A constante evocação de pessoas mortas como testemunhas pelos depoentes não só não convence os parlamentares como virou motivo de chacota no Congresso. "Se o Chico Xavier estivesse vivo, eu sugeriria o nome dele para conduzir as investigações. Aí resolveria o problema", brinca o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), titular da CPI dos Correios.

Para contestar aquela que seria a prova documental do mensalinho, o presidente da Câmara apelou ao filho morto. Surpreendido pela apresentação de um cheque endossado pelo empresário Sebastião Buani a uma de suas secretárias, o deputado disse que o dinheiro foi usado para financiar a campanha eleitoral do filho Severino Cavalcanti Ferreira Junior (PP), morto em agosto de 2002, quando disputava uma cadeira na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

A última versão de Severino, confirmada anteontem pela secretária em depoimento à Polícia Federal, jogou no colo do filho morto o crime eleitoral de caixa dois. Gabriela Kênia Martins havia anteriormente negado à PF a existência do cheque. Vítima de acidente de carro um mês após a assinatura do papel e às vésperas da eleição, Junior foi substituído no dia seguinte, por determinação do pai, pela própria irmã, Ana Cavalcanti. Na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a coordenação da campanha de Severino Junior declarou ter gastado apenas R$ 1 mil. Detalhe: com recursos saídos do bolso do próprio candidato.

Velhinha de Taubaté

"Nem a Velhinha de Taubaté acredita. Até por isso a velha morreu. Não tem fundamento. É uma desculpa esfarrapada, ninguém acredita. E por outro lado, no caso do Severino, além de ser mentira, é pecado, porque ele é um homem muito religioso", ironiza o deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS).

O suplente da CPI dos Correios se refere à morte da personagem criada pelo escritor Luís Fernando Veríssimo que entrou para o folclore político nacional por representar a crença na palavra de todos os políticos e governos brasileiros. A Velhinha de Taubaté foi enterrada simbolicamente no último dia 31, em ato organizado por um vereador do município que fica a 130 km da capital paulista. Mais de 30 pessoas participaram do cortejo. Segundo Veríssimo, a pobre morreu sentada em frente à televisão, de causa desconhecida, em meio à profusão de denúncias contra o governo federal e o PT.

Desalmado

Diante de uma história capaz de fazer a Velhinha de Taubaté se revirar no túmulo, outros deputados foram mais contundentes nas críticas a Severino. "É um desrespeito. Demonstra que ele é uma pessoa sem alma, capaz de qualquer coisa para subtrair a verdade. Jogar uma acusação contra um filho que ele perdeu me deixa chocado", disse o vice-líder do governo na Câmara Beto Albuquerque (PSB-RS).

"Isso acaba agravando a situação dele, não tenha dúvida. Qualquer cidadão de bom senso, parlamentar ou não, vê que é um tipo de arranjo de explicação. Se fosse verdade, ele teria dito logo no início", completou o deputado, pré-candidato à sucessão de Severino.

"É uma defesa de desesperado. É um recurso medíocre que dá a dimensão do caráter de quem o usa. Quando o cara não tem argumento, joga a responsabilidade em alguém que já morreu, em alguém que não pode se defender", dispara o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), titular da CPI dos Correios. Opinião semelhante é compartilhada pelo senador Demóstenes Torres: "Agora o culpado é quem morreu".

Ex-procurador-geral de Justiça em Goiás, o senador pefelista ressalta que as famílias dos citados nas denúncias podem entrar com processo contra os autores das acusações. "Os representantes legais podem questionar de qualquer forma qualquer atentado contra a honra do falecido e entrar com ação indenizatória. Podem ser vítimas de crimes contra a honra." A medida só não vale para Severino, o pai

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