Em material divulgado na edição de hoje, repórteres do jornal O Estado de São Paulo revelaram a identidade de 26 sacadores e beneficiários das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza que ainda não haviam sido identificados pela CPI dos Correios. Da lista, constam funcionários públicos, empresários, um prefeito, Alarico Naves Assumpção (ex-assessor da Secretaria de Comunicação do Governo - Secom) e João Heraldo dos Santos Lima (diretor do Banco Rural). Embora não haja um número preciso, estima-se que ainda haja pelo menos 50 sacadores ainda não identificados pela comissão.
João Heraldo Lima, diretor do Banco Rural, foi diretor de Política Monetária do Banco Central durante o governo Itamar Franco (PMDB), entre 1992 e 1994. Foi, ainda, secretário de Fazenda de Minas Gerais durante a gestão do tucano Eduardo Azeredo (PSDB), acusado de envolvimento no valerioduto. A lista de Valério indica que Lima recebeu uma transferência eletrônica da conta da SMPB, de R$ 25 mil, em 16 de maio de 2003, mas o diretor do Rural tem uma explicação para o ocorrido. "Vendi quatro terrenos para Cristiano Paz e Ramón (sócios de Valério)", diz. "No total, a transação saiu por R$ 122 mil."
Alarico Assumpção, ex-assessor da Secom, recebeu R$ 10 mil. Depois de deixar o governo, no ano passado, foi trabalhar com a SMPB. A transferência ocorreu quando ele já era funcionário de Valério.
Dois saques chamaram a atenção da reportagem. Em um deles, consta como recebedor Francisco Melo Saraiva, que recebeu R$ 380 mil mesmo estando declarado morto pelo INSS. "Não se sabe se morreu antes ou depois de receber o dinheiro", afirma a matéria. Outro caso considerado curioso é o de Vinicius Pereira, que recebeu R$ 45 mil. Estudante de Medicina, ele tinha 23 anos na época.