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Legado político

Nepobabies eleitos: os filhos e netos da política brasileira

Heranças políticas moldam disputas de 2026 e revelam como dinastias familiares seguem determinando o acesso ao poder no Brasil contemporâneo.

Congresso em Foco

30/12/2025 9:00

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Quando o termo "nepobaby" explodiu nas redes sociais em meados de 2022, surgido originalmente no universo do entretenimento norte-americano para definir celebridades que alcançam projeção por serem filhas ou filhos de famosos, ainda havia quem acreditasse que o conceito se limitava ao show business.

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Foi o jornal New York Magazine que popularizou o vocábulo, transformando-o em fenômeno digital. Desde então, a palavra entrou para o debate público global como símbolo de uma nova forma de compreender privilégios herdados, uma sociologia da celebridade aplicada à lógica do pertencimento familiar.

A força das dinastias políticas: herdeiros ganham espaço e redes familiares continuam decisivas nas eleições.

A força das dinastias políticas: herdeiros ganham espaço e redes familiares continuam decisivas nas eleições.Arte Congresso em Foco

Se no show business a polêmica é nova, no Brasil ela tem raízes históricas profundas. Muito antes de parlamentos, democracia ou partidos, estruturas de poder ligadas a famílias dominantes já definiam quem governava localidades inteiras, um traço que migrou do sistema colonial e foi reconfigurado ao longo do Império, da República Velha e da era dos coronéis.

Hoje, nomes como Sarney, Calheiros e Barbalho são exemplos de famílias que, ao longo de décadas, repetiram sucessões de mandatos e mantiveram presença significativa no Congresso e nas esferas executivas, tanto estaduais quanto municipais. A tradição de clãs políticos fortes em quase todas as regiões do país mostra como, do século XIX ao XXI, a influência familiar continuou operando como forma persistente de acesso ao poder.

Segundo especialistas, isso não é uma coincidência histórica, mas parte de uma estrutura de origem colonial que nunca foi de fato desfeita.

A herança de capital no Congresso

Dados recentes ajudam a dimensionar o tamanho desse fenômeno no topo da política nacional. Um levantamento do cientista político Robson Carvalho, doutor pela Universidade de Brasília (UnB), mostra que cerca de 2/3 dos senadores eleitos entre 1986 e 2022 contaram, de alguma forma, com capital político familiar para chegar ao mandato. O estudo "A dimensão do capital político-familiar no Senado e os prejuízos à representação democrática (1986-2022)" identificou tanto casos de transmissão direta de influência eleitoral quanto trajetórias ancoradas em vínculos com pais, avós, cônjuges ou filhos que já exerceram cargos públicos.

"A pessoa herda não só o nome da família, mas também redes de apoio, contatos, recursos e a capacidade de acessar estruturas de poder que não estão disponíveis para qualquer cidadão", afirmou Carvalho.

Em entrevista ao Congresso em Foco, ele explicou que essa dinâmica produz vantagem desigual na competição eleitoral, uma vez que o herdeiro político tende a largar na frente, tanto em visibilidade quanto em estrutura.

Para ele, essa reprodução do poder não se dá apenas por herança simbólica, mas também por mecanismos contemporâneos, como controle partidário, distribuição de emendas parlamentares e influência sobre governos municipais.

"Quando alguém exerce um mandato, usa esse espaço para gerar outros mandatos dentro da própria família."

O mecanismo

Para além dos casos mais visíveis, o cientista político Robson Carvalho afirmou que o funcionamento das dinastias políticas brasileiras depende de engrenagens pouco aparentes ao eleitor comum. Segundo ele, muitos parlamentares tratam seus gabinetes "como se fossem as cozinhas de suas casas", confundindo o público e o privado e transformando estruturas institucionais em instrumentos a serviço da própria família.

De acordo com o pesquisador, esse modo de operar atravessa partidos, governos e gerações. A influência não se limita ao sobrenome: envolve o controle de cargos, verbas, emendas, tempo de TV e alianças partidárias.

"Você tem políticos que, ao longo do tempo, já criaram uma sincronia, um cordialismo entre si. Eles liberam partido em um estado, recebem apoio em outro, formam coligações a partir de interesses mútuos", explicou.

Esse arranjo, afirmou, acaba beneficiando quem já está no topo, e especialmente suas famílias. Carvalho observou ainda que o poder se reproduz em camadas simbólicas. Em muitos municípios, o nome de uma mesma família aparece em praças, ruas, escolas, hospitais. Isso cria, segundo ele, "uma espécie de percepção inconsciente de que aquela família é natural ao poder", um efeito que amplia a vantagem dos herdeiros mesmo antes do início da campanha.

Quando o capital político já nasce em casa: famílias transformam estruturas públicas em herança eleitoral.

Quando o capital político já nasce em casa: famílias transformam estruturas públicas em herança eleitoral.Arte Congresso em Foco

Ele também destacou que partidos políticos, frequentemente concentrados nas mãos de poucos dirigentes, funcionam como filtros que decidem quem terá acesso à disputa real. "Tem partido que é controlado por um CPF", afirmou, ao descrever legendas em que as decisões estratégicas, inclusive a escolha de candidatos, são monopolizadas por um líder ou grupo familiar. Nesse ambiente, a competição eleitoral deixa de ser aberta e passa a ser mediada por interesses privados.

O resultado, concluiu Robson, é uma renovação apenas aparente.

"Você olha e pensa que entrou alguém novo, mas é só o filho, o neto ou o sobrinho de quem já estava lá. O grupo político permanece o mesmo, só muda a geração."

Para ele, esse padrão ajuda a explicar por que herdeiros seguem avançando em 2026.

"Essa máquina nunca para. Entre uma eleição e outra, você tem prefeitos, governadores e parlamentares que foram eleitos graças a determinado grupo familiar. E esse apoio volta depois, garantindo novas cadeiras para a mesma família.

Do Norte ao Sul

O cenário das eleições de 2026 confirma um movimento já conhecido do eleitorado brasileiro: a presença crescente de herdeiros políticos disputando espaços de poder. De Norte a Sul, partidos têm apostado em nomes ligados a famílias tradicionais, alguns com décadas de atuação, outros que se consolidaram mais recentemente, para manter influência em seus redutos e ampliar força em Brasília.

No Norte, a família Barbalho se prepara para mais uma disputa majoritária, mantendo a tradição de influência que já atravessa gerações no Pará.

A rede Barbalho mantém fortes raízes no norte brasileiro.

A rede Barbalho mantém fortes raízes no norte brasileiro. Arte Congresso em Foco

Já no Centro-Oeste, grupos tradicionais como os Caiado articulam a possível entrada de Ronaldo no Planalto. Na capital do país, o movimento também se intensifica. Em Brasília, por exemplo, filhos e netos de figuras como Ibaneis Rocha, Luiz Estevão, Paulo Octávio e Joaquim Roriz já se filiaram a partidos e ocupam posições de visibilidade, preparando terreno para disputas em 2026.

A árvore mais antiga da política goiana, sobrevivendo de impérios a repúblicas.

A árvore mais antiga da política goiana, sobrevivendo de impérios a repúblicas.Arte Congresso em Foco

No Nordeste, famílias como os Calheiros e os Lira continuam exercendo forte influência e movendo peças estratégicas para manter presença no Congresso e nos governos estaduais.

Irmãos e aliados que estendem a influência do clã por todo o estado alagoano.

Irmãos e aliados que estendem a influência do clã por todo o estado alagoano.Arte Congresso em Foco

Arthur Lira: a ramificação que ganhou força própria e passou a controlar as engrenagens da Câmara.

Arthur Lira: a ramificação que ganhou força própria e passou a controlar as engrenagens da Câmara.Arte Congresso em Foco

Em Pernambuco, o clã Arraes/Campos volta a ganhar protagonismo com os irmãos João e Pedro Campos, que ampliam o alcance político construído por Eduardo Campos e Miguel Arraes, e despontam como peças-chave nas articulações do PSB para 2026.

Miguel Arraes: o alicerce que plantou a influência da família no solo pernambucano.

Miguel Arraes: o alicerce que plantou a influência da família no solo pernambucano.Arte Congresso em Foco

Na ponta Sul do país, a movimentação envolve Carlos Bolsonaro, que tenta sua primeira projeção nacional após mais de duas décadas na Câmara de Vereadores do Rio. Pré-candidato ao Senado por Santa Catarina, ele busca transformar o capital político acumulado no núcleo duro do bolsonarismo em alcance regional, apostando na identificação do eleitorado conservador catarinense com a família.

Jair Bolsonaro foi o marco zero de uma nova e rápida floresta política.

Jair Bolsonaro foi o marco zero de uma nova e rápida floresta política.Arte Congresso em Foco

Embora o discurso da renovação apareça nas campanhas, boa parte das apostas estratégicas recai sobre figuras que carregam sobrenomes conhecidos e redes consolidadas. Em comum, esses casos ilustram o diagnóstico de Robson Carvalho.

"A renovação existe no discurso, mas não na prática. Quando o filho substitui o pai, ou o neto sucede o avô, o grupo político permanece o mesmo."

O clã Bolsonaro

Se algumas dinastias brasileiras têm raízes centenárias, outros grupos familiares ascenderam recentemente, impulsionados pela polarização política das últimas décadas. O caso mais emblemático é o da família Bolsonaro, cujo núcleo se consolidou como um dos principais polos da direita nacional.

Jair Messias Bolsonaro iniciou sua carreira política em 1989, eleito vereador no Rio de Janeiro. Àquela altura, seus 3 filhos mais velhos, Flávio, Carlos e Eduardo, eram crianças, ainda distantes da vida pública. Mas, sem que soubessem, aquele seria o ponto de partida para uma trajetória que, em pouco mais de 30 anos, formaria um dos maiores grupos familiares atuantes na política brasileira contemporânea.

Hoje, Flávio Bolsonaro soma mandatos como deputado estadual e senador. Eduardo acumula três mandatos como deputado federal por São Paulo. Juntos, os dois já exerceram seis mandatos no Congresso Nacional, e ambos seguem como peças relevantes nas articulações para 2026.

A ascensão da família Bolsonaro ilustra como novas dinastias se formaram na política recente.

A ascensão da família Bolsonaro ilustra como novas dinastias se formaram na política recente.Arte Congresso em Foco

No caso de Flávio, o cenário ganhou novo peso após o anúncio de sua pré-candidatura à Presidência da República, movimento que altera as estratégias da direita e reposiciona o PL no jogo eleitoral nacional. Sua entrada na disputa presidencial não apenas reconfigura a corrida da direita, como também pode impactar possíveis candidaturas ao Senado em estados onde o bolsonarismo é competitivo.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, vive um momento de indefinição. Morando nos Estados Unidos desde fevereiro, ele corre o risco de não disputar as eleições caso a permanência internacional comprometa sua atuação eleitoral ou, em cenário extremo, dependendo do desfecho de processos judiciais que podem afetar sua elegibilidade.

Já Carlos Bolsonaro, vereador há 21 anos no Rio, prepara seu primeiro salto para o cenário nacional, conforme mencionado acima.

O avanço da família pode ir além dos três filhos políticos. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, figura entre os nomes mais bem avaliados do PL e aparece competitiva em pesquisas recentes, como a Datafolha de 6 de dezembro de 2025, que a aponta entre os presidenciáveis com maior intenção de voto.

Embora seu nome circule principalmente para cargos executivos, não se descarta que o partido a convide para disputar uma vaga no Congresso, sobretudo se Flávio consolidar sua candidatura ao Planalto.

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