Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
Informativo no ar!
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Heloísa Helena salva debate da Band

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Heloísa Helena salva debate da Band

Congresso em Foco

15/8/2006 | Atualizado às 6:32

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Sylvio Costa


O comportamento dos candidatos a presidente durante o primeiro debate entre os presidenciáveis, promovido ontem à noite pela TV Bandeirantes, colaborou pouco para criar momentos de fato interessantes. Muito respeitosos, eles pareciam unidos por um código tácito: evitar polêmicas entre si, liberando todas as energias para críticas ao grande ausente, o presidente Lula.

Assim, o clima foi mais de troca de gentilezas e de elogios mútuos do que de embate de idéias. Rompendo com o modelinho sonolento que predominou na maior parte das mais de duas horas de debate, a senadora Heloísa Helena (Psol-AL) terminou sendo o destaque da noite.

Ora agressiva, ora terna, mas sempre com firmeza, ela soube contornar a rigidez das regras do programa para transmitir alguns dos sentimentos-chave que sua candidatura pretende catalisar: a rejeição à política econômica implementada pelo PSDB e pelo PT, especialmente no que diz respeito aos altos juros; o combate à corrupção e ao crime organizado; o compromisso com os mais pobres; e a valorização da participação social e política da mulher.

Heloísa Helena também proporcionou algumas das raras situações em que se explicitaram divergências entre os candidatos. Foi o que ocorreu, por exemplo, quando ela se dirigiu a Geraldo Alckmin (PSDB) e afirmou que tanto o partido dele quanto o PT fracassaram na área da segurança pública. "Poderia ter sido feito, os senhores não fizeram", afirmou em tom de censura, sem que Alckmin - sempre formal e distante - respondesse à altura.

A questão da segurança

A segurança pública foi um dos principais temas do debate. O assunto veio à tona no segundo bloco, quando José Maria Eyamel (PSDC) perguntou a Alckmin: "Durante o governo de seu partido nasceu e se desenvolveu o PCC. O que o senhor não fez para que isso acontecesse?".

Alckmin disse que em sua gestão no governo de São Paulo tirou "90 mil criminosos das ruas" e reduziu a taxa de homicídios. Também enalteceu o contingente da Polícia Militar paulista: 130 mil homens, mais - observou ele - que os efetivos da Aeronáutica e da Marinha. Prometeu ainda implantar o sistema de regressão penitenciária para os presos que cometeram crimes leves e endurecer o regime para os líderes do crime organizado.

Não chegou, contudo, a responder à pergunta de Eymanel. Este, na réplica, defendeu a criação do Ministério da Segurança Pública, a implantação de um Plano Nacional de Segurança Pública e a reforma do sistema prisional, de modo que as cadeias não sejam apenas "depósitos de presos".

No quarto bloco, o tema voltou a ser discutido quando o jornalista Franklin Martins também questionou Alckmin sobre a situação da segurança pública em São Paulo, estado que ele governou durante quase seis anos: "As coisas deram errado porque seu governo fez tudo certo?". Heloísa Helena foi encarregada de comentar.

Alckmin responsabilizou o governo federal pelos problemas de segurança do estado, que, segundo ele, estariam associados principalmente à falta de combate adequado ao tráfico de drogas, ao contrabando de armas e à lavagem de dinheiro, crimes que cabe à União reprimir.

Foi quando Heloísa Helena entrou em cena criticando tanto o PT quanto o PSDB pelo tratamento dispensado à questão da segurança. "O PT e o PSDB fazem um jogo demagógico jogando a responsabilidade de um para o outro", afirmou.

Numa crítica indireta ao candidato do PSDB, ela acrescentou: "Para analisar a situação de segurança pública de São Paulo, basta olhar os jornais. É o caos. Foram 12 anos de irresponsabilidade do PSDB e do PT".

A tese de Heloísa Helena é que os dois partidos canalizaram somas absurdas de recursos para a especulação financeira, via pagamento de juros da dívida, e deixaram de cuidar de questões fundamentais, como a segurança. É uma tese-curinga que vale para tudo, para explicar os problemas da saúde, da educação, do Nordeste... mas que tem inegável poder persuasivo.

O ex-governador justificou-se com o argumento de que "o Congresso Nacional atual e o presidente Lula amoleceram com o crime organizado". Segundo ele, "uma lei nova, votada pelo atual Congresso" dificultou a colocação de líderes do crime organizado no chamado regime disciplinar diferenciado (RDD).

Impropriedades para todos os gostos

Mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, o debate teve seus melhores momentos no quarto bloco, quando os jornalistas Franklin Martins, Joelmir Beting e José Paulo de Andrade passaram a fazer as perguntas. Até então, os candidatos fizeram indagações entre si (segundo e terceiro blocos) e responderam a uma pergunta comum, sorteada entre questões formuladas por internautas.

Ainda assim, um dos entrevistadores - Andrade - cometeu uma gafe grosseira ao se referir ao "pernambucano Celso Furtado". Furtado, o economista brasileiro de maior renome nos meios acadêmicos estrangeiros, nasceu na Paraíba.
 
Em termos de impropriedades, Luciano Bivar (PSL) e Eymael travaram uma disputa árdua e particular. O primeiro, bem-sucedido empresário pernambucano, abusando dos erros de concordância. O outro, de um tom grandiloqüente que beirava o folclore.

"Enquanto houver um corrupto desviando verba pública, não descansarei", afirmou. "Quando estiver com a faixa presidencial no peito, direi aos brasileiros: 'Agora é comigo'", prenunciou, ao fazer suas considerações finais.

Antes, havia demonstrado que a linguagem televisiva não é o seu forte ao tentar explicar as bases de seu plano de governo. "Meu plano de desenvolvimento tem cinco vetores. O primeiro é a reforma tributária", disse, desfiando em seguida uma sucessão de adjetivações e lugares comuns. Seu tempo acabou antes que passasse ao segundo "vetor".

Questionado sobre seus planos para a Amazônia, fez a defesa genérica do crescimento econômico do país sem apresentar uma só proposição concreta para a região. A sensação de que falta algo em seu plano de governo aumentou quando ele deixou escapar esta: "Minha proposta central é a conquista da Presidência".

Lula e reforma tributária

A Eymael, no entanto, deve-se creditar a boa sacada em relação à ausência de Lula. "O presidente nunca ouve nada, não vê nada, provavelmente não sabia que teria debate", provocou o candidato do PSDC.
Cristovam Buarque (PDT) disse que, ao faltar ao debate, o presidente Lula descumpriu um dever democrático. "O eleitor tem o direito de saber o que pensam os candidatos olhando no olho", afirmou o pedetista.

Heloísa, a primeira a falar da ausência de Lula (cuja cadeira, como previsto, foi deixada vazia pela Bandeirantes), qualificou de "arrogância" a atitude de Lula. De acordo com Alckmin, "Lula teria que estar aqui para prestar contas porque se omitiu na questão da segurança".

Outro tema recorrente, ao longo do debate, foi a reforma tributária. Bívar defendeu a instituição de um imposto único, com alíquota de 1,7%, para substituir todos os impostos federais, como estratégia para acabar com a informalidade e gerar empregos. Não demonstrou a viabilidade da sua proposta nem foi questionado a respeito.

Todos os demais pregaram a mudança do sistema tributário de modo genérico. Foi o que fez, também, Heloísa Helena. Mas, mesmo assim, ela brilhou mais que seus concorrentes ao pôr em dúvida a promessa de Alckmin de encaminhar ao Congresso um projeto de reforma tributária já em janeiro de 2007, caso seja eleito. "Fernando Henrique teve oito anos de mandato e não fez a reforma tributária", lembrou a senadora.

Ela e Alckmin assumiram um compromisso comum: acabar com a Desvinculação dos Recursos da União (DRU), que assegura ao governo autonomia para utilizar livremente 20% das verbas federais.

O estilo de cada um

Se Bivar e Eymael transitaram entre o folclórico e o irrelevante, o senador Cristovam Buarque foi definido por um dos entrevistadores (José Paulo Andrade) como o autor "do samba de uma nota só", pela insistência com que defende uma revolução na educação. Ele reagiu na primeira oportunidade: "Isso não é samba de uma nota só. Isso é o samba da nota fundamental".

Sem o formalismo e a frieza de Alckmin ou a inconsistência de Bivar e Eymael, Cristovam deu, entretanto, seus escorregões. Ao falar do turismo, retornou ao samba: "A causa pela qual os turistas não vêm é, sobretudo, a falta de educação do Brasil. Faz parte do turismo ter uma população que fale idiomas".

Ao defender o seu Bolsa Escola, implantado quando governou o Distrito Federal (1995-99), terminou atirando pedras em um dos mais festejados programas do governo Lula, o Bolsa Família. "É uma deformação do Bolsa Escola", afirmou, mais parecendo o professor universitário em atividade do que o candidato que até agora não foi capaz de passar de 1% das intenções de voto.

O professor voltou a atacar após mais um discurso de Heloísa Helena prometendo a redução imediata e radical dos juros, se eleita. "Não é a taxa de juros que considero meu maior compromisso. O meu maior compromisso é zerar a taxa de analfabetismo", rebateu Cristovam.

No tom enfático que lhe é peculiar, Heloísa havia prometido reduzir os juros, como parte de uma nova estratégia de desenvolvimento. "A meta de crescimento econômico do país não será essa tragédia de 3,5% (ao ano). O meu Banco Central será autônomo, independente do capital financeiro", afirmou ela.

"Sou engenheiro, mas acabei me especializando em economia. E meus 40 anos de estudo de economia ensinaram que não se pode prever qual será a taxa de juros daqui a seis meses", replicou Cristovam, acrescentando que isso depende de fatores variáveis como guerras externas, pressões internacionais etc. E ressaltou seu compromisso com a educação e a valorização do magistério.

Na tréplica, Heloísa disse que seu compromisso com a educação é que a leva a defender a queda dos juros. Lembrando que o Brasil "pagou quase R$ 500 bilhões em juros em quatro anos", ela disse que essa política monetária tem como principal efeito engordar os lucros dos bancos. E completou: "Não quero acabar com a Bolsa Família, mínima. Quero acabar com a Bolsa Banqueiro".  
 
Alckmin mostrou que fez o dever de casa direitinho. De olho na população pobre que forma a principal base de sustentação da candidatura Lula, prometeu manter o Bolsa Família. Cortejando os agricultores e a classe média, anunciou que fará a reforma agrária sem tolerar invasão de propriedade. Aproveitando seu ponto mais forte, relembrou sua experiência administrativa e o elevadíssimo índice de aprovação que tinha ao deixar o governo de São Paulo (69% de ótimo e bom, ressaltou).

Não bastassem as alfinetadas de Heloísa, porém, seu maior problema foi o estilo travado, pouco à vontade, diante da câmera. À qual se dirigiu no final para entoar, como se fazia antigamente, "ao senhor, à senhora".

Por tudo isso, brilhar mesmo só quem conseguiu foi Heloísa Helena. Mesmo distante de demonstrar que tenha um programa sólido de governo, ela produziu algumas frases que mostram, definitivamente, que a noite foi dela. Alguns exemplos:

"Vou assentar 1 milhão de famílias no campo por ano, o que terá um impacto de R$ 1,27 bilhão. O que fizeram até agora foi favelização rural, sem dar crédito, infra-estrutura, nada. Vou fazer a reforma agrária que os governos do PSDB e do PT não fizeram".

"Me sinto representando os homens e mulheres de bem deste país, que têm vergonha na cara e amor no coração".

"Quero ter a honra de ser a primeira mulher brasileira a ser presidente para, com a mão firme de mãe, mulher e trabalhadora, ajudar o povo brasileiro a fazer deste país uma pátria soberana".

Concorde-se ou não com a senadora, é difícil negar que ela sabe usar bem as palavras para capturar os eleitores. No final do debate, aliás, entrevistada pela própria Band, ela foi explícita: "Peço a cada uma das pessoas que já decidiram votar em mim para conseguirem dois votos, e estaremos no segundo turno".

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Temas

Reportagem

LEIA MAIS

Justiça

Damares é condenada a indenizar professora por vídeo postado em redes sociais

Senado

Governo deve perder controle de quatro comissões no Senado

LEI DA FICHA LIMPA

Bolsonaristas articulam mudança na Ficha Limpa para tornar Bolsonaro elegível

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

Deputada Condenada

Carla Zambelli deixa o Brasil e gera onda de memes na internet

2

PROCURA-SE DEPUTADA

O que é o Alerta Vermelho da Interpol contra Carla Zambelli

3

MARITUBA (PA)

Prefeita explica vídeo dançando de biquíni: "Só uma encenação"

4

DEPUTADA CONDENADA

Zambelli pode ser extraditada? O que diz acordo entre Brasil e Itália

5

ESTADOS UNIDOS

Bilhões, escândalos e traição: por que Trump e Musk romperam

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES