A CPI dos Correios quer esclarecer o motivo pelo qual um depósito de R$ 1 milhão, feito pelo PT à Coteminas, empresa do vice-presidente da República, José Alencar (PL), não consta na contabilidade do partido analisada pela comissão. "Vou pedir na segunda-feira esses esclarecimentos. É preciso identificar por que os dados não aparecem na documentação da CPI. Se ocorreu falha da equipe que analisou ou se houve problema nos dados enviados, o que seria preocupante", comentou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira da comissão.
Reportagem da Folha de S.Paulo deste domingo revela que o PT fez esse depósito milionário em dinheiro vivo. A operação financeira, segundo à Folha, foi identificada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda responsável por investigar transações financeiras suspeitas.
Segundo a Folha, o depósito não aparece em nenhuma das 16 contas bancárias do PT cujos sigilos foram quebrados pela CPI dos Correios. A operação foi feita na época em que Delúbio Soares ainda era tesoureiro do partido. O ex-tesoureiro negou à reportagem que o dinheiro seja irregular e afirma que a operação financeira consta na contabilidade do partido, o que, contudo, a atual direção nega.
Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho de José Alencar, afirmou que o R$ 1 milhão "era dinheiro do PT" para pagar parte da dívida do partido com a empresa e foi levado "por uma senhora". O PT tem uma dívida com a Coteminas pelo fornecimento de 2,75 milhões de camisetas usadas na campanha de 2004.