Pesquisa do Banco Mundial divulgada hoje pelo IBGE confirma o que muitos brasileiros têm sentido no bolso: o Brasil é caro para se viver. No ranking dos dez países sul-americanos, o país é o segundo com maior custo, atrás apenas do país dos poetas, o Chile. No outro lado do ranking, como os locais mais em conta para se viver, estão o Paraguai e a Bolívia.
Durante o ano de 2005, os preços de itens de bens e serviço de consumo básico dos países foram avaliados e comparados. Se algum visitante de fora da região se locomovesse de um país para o outro e comprasse rigorosamente a mesma cesta de bens e serviços, ele gastaria o maior valor no Chile, no Brasil e no Uruguai. O preço dos bens e serviços destes países está 17,7%, 14,2%, 8% acima da média regional, respectivamente.
A Venezuela está 1,3% acima da média. A Bolívia se destaca com o menor custo, 46,2% abaixo da média. Paraguai e Argentina estão 42,6% e 22,5% abaixo da média, respectivamente. Peru, Equador e Colômbia estão próximos no ranking, com índice em torno de 14% abaixo da média regional.
Sem alto poder de compra
O título de vice-campeão entre os mais caros da América do Sul não garante ao Brasil um alto poder de compra. O país ocupa o sexto lugar da lista que calculou o consumo doméstico per capita dos dez países, com uma taxa de consumo 9,5% abaixo da média regional. Além do Brasil, têm consumo abaixo da média regional Peru (8,4%), Equador (11,5%), Colômbia (15,9%) e Paraguai (30,2%). A Bolívia está em décimo lugar, com consumo per capita 47,3% abaixo da média.
Em outra situação está o Chile que, embora seja o local mais caro, garante à sua população o segundo lugar na lista do consumo per capita (48% acima da média). E quem tem resistência à vizinha Argentina talvez tenha que rever alguns conceitos. Além de ser o terceiro país mais barato, os hermanos têm o maior consumo per capita da América do Sul.
Aqui, os livros são mais caros
Na comparação entre itens específicos, a pesquisa revelou que os livros são caros no Chile, no Brasil e na Venezuela. Na Argentina, no entanto, são mais baratos. O Brasil tem o café e os restaurantes mais baratos. Mas, embora o país seja um dos principais fabricantes de veículos da região, os carros saem para o consumidor pelo preço da média regional e são mais baratos no Chile e na Argentina.
O Brasil também tem os eletrodomésticos, produtos farmacêuticos e serviços de telefonia mais caros entre os vizinhos. O custo de se usar telefone é mais barato na Argentina e no Paraguai. Os produtos farmacêuticos custam menos no Chile, no Equador e no Peru.
A carne é mais cara no Chile e mais barata no Paraguai e na Argentina, que são produtores.
A pesquisa, chamada Programa de Comparação Internacional, foi criada em 2003 pelo Banco Mundial com objetivo de medir as paridades de poder de compra e os preços numa base comparável para mais de 100 países agrupados em cinco regiões. A América do Sul é uma delas. (Rafaela Céo)