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Amazônia: ações virtuais não apagam incêndios de verdade

Congresso em Foco

28/1/2008 | Atualizado 30/1/2008 às 7:13

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João Capiberibe*

O desmatamento disparou na Amazônia. O sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), informa que o desmatamento pode ter chegado a sete mil quilômetros quadrados entre agosto e dezembro de 2007.

O presidente Lula, assustado, convocou uma reunião de emergência com os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Dilma Rousseff (Casa Civil), Reinhold Stephanes (Agricultura), Tarso Genro (Justiça), Nelson Jobim (Defesa) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), além do diretor-geral da Polícia Federal.

Após cinco anos e um mês de governo, Lula continua tratando a Amazônia em reuniões de emergência.

A falta de sensibilidade de Lula com as questões ambientais e, em particular, com a Amazônia, vem de longe. Tanto que militantes e simpatizantes do PT preocupados com políticas para a área estimularam a organização de fóruns de debates específicos sobre esses temas bem antes da vitória de 2002.

Em 2000, em Belém, aconteceu o 1º Fórum Amazônico. Lula não compareceu, deixando seus organizadores frustrados e ainda mais preocupados com a falta de atenção demonstrada por ele.

Em novembro de 2001, em Macapá, foi realizado o segundo e último fórum de discussão sobre alternativas de desenvolvimento sócio-ambiental para a região. Eu estava concluindo o segundo mandato de governador, cujo programa, fundamentado no desenvolvimento sustentável, transformara-se em vitrine de projetos inovadores e bem sucedidos. 

Lula compareceu. Ouviu atentamente e participou das plenárias e debates. Suas intervenções encheram de esperança a platéia. Saímos eufóricos do encontro, convictos que a Amazônia de nossos sonhos e lutas se realizaria com Lula na presidência do Brasil.

No dia seguinte, na companhia do então governador do Acre, Jorge Viana, de Vicente Trevas, da direção nacional do PT, e de Lourival Freitas, do diretório estadual, levamos Lula a Laranjal do Jarí, uma enorme favela sob palafitas. Dívida social inconteste de um mega-projeto do multimilionário americano Daniel Ludwig.

Em seguida, rumamos até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, onde visitamos a fábrica de biscoitos e óleo de castanha do Brasil, resultado da iniciativa e força de vontade de uma cooperativa de castanheiros com o apoio do governo do Amapá.
Lula pode assim testemunhar as possibilidades de um modelo de desenvolvimento capaz de combinar atividade econômica com eqüidade social e conservação ambiental.

No retorno, Lula falou do que viu e ouviu dos castanheiros. Fez comentários otimistas, falando do futuro da Amazônia sustentável e da participação no governo de quadros com a visão e experiência na construção do novo paradigma, caso se elegesse presidente.

Os castanheiros do Iratapuru e de toda a região sul do Amapá comemoraram a eleição de Lula. Afinal, tinham um presidente que sabia o que era um castanhal, também festejaram nossa eleição para o Senado. Consideravam-me uma voz confiável junto ao presidente. Não esqueciam o dia em que chegamos juntos para visitá-los.

Poucos meses depois da posse, em Rio Branco, com pompa e circunstância, Lula lançou o Programa Amazônia Sustentável (PAS).  O documento, mesmo sem que tivéssemos sido convidados a contribuir, preenchia o vazio da falta de políticas públicas para a Amazônia. Saí da solenidade convencido de que daríamos uma demonstração ao mundo, de competência para desenvolver e conservar a Amazônia.

Depois daquela solenidade, nunca mais se ouviu falar do PAS. A Amazônia continua detentora da maior biodiversidade do mundo, de 20% da água doce do planeta, mas condenada à destruição pelo avanço dos madeireiros, da soja, do boi, da transformação de essências em carvão vegetal para produção de ferro e, agora, da cana-de-açúcar. Atividades que contam com todo tipo de incentivos públicos, da pesquisa ao financiamento subsidiado.

Enquanto isso, os castanheiros do Iratapuru e da região sul do Amapá, que festejaram a eleição do presidente operário, perderam o apoio dos governos federal e estadual. Relegados pelo poder público, sobrevivem graças às parcerias com indústrias comprometidas com a conservação ambiental e a responsabilidade social.

Ancorado na repressão aos crimes ambientais, o governo anuncia, depois de mais uma reunião de emergência, que a lei vai ser cumprida com rigor, doa a quem doer. Ora! Em um país que não consegue fazer cumprir as leis nas cidades, onde o crime organizado divide o poder com o Estado, como acreditar que agora o governo vai ter braços para chegar aos criminosos que agem na floresta com a conivência de políticos que compõem a base de sustentação do governo Lula?

Para concluir, repito o que digo desde o assassinato de Chico Mendes: enquanto não se estabelecer em nossa sociedade uma nova relação homem-natureza, que fundamente as políticas públicas para a Amazônia, de nada vão adiantar reuniões de emergência ou ações virtuais para apagar  incêndios de verdade. A Amazônia vai continuar ardendo e nós brasileiros vamos continuar sendo conhecidos como predadores diante dos olhos do mundo.

*João Alberto Capiberibe, 60 anos,  foi preso e exilado político durante a ditadura militar, e depois elegeu-se prefeito de Macapá (AP), governador e senador do Amapá. Atualmente, é o vice-presidente nacional do PSB.

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