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Congresso em Foco
24/10/2025 8:28
O presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (24), em Jacarta, na Indonésia, que não haverá temas vetados na conversa que pretende ter com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos próximos dias. O encontro está previsto para domingo (26), durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, na Malásia.
"Não existe veto a nenhum assunto. Não tem assunto proibido para um país do tamanho do Brasil conversar com um país do tamanho dos Estados Unidos. Podemos discutir de Gaza à Ucrânia, de Rússia a Venezuela, materiais críticos, minerais, terras raras. Qualquer assunto", afirmou Lula.
O presidente destacou que deseja um diálogo franco e construtivo, com o objetivo de reaproximar os dois países e fortalecer uma relação de "ganha-ganha" entre as nações.
"Nosso interesse é contribuir para que as coisas terminem da melhor forma possível: que ganhe o Brasil e que ganhem os Estados Unidos. Mas, sobretudo, que ganhem o povo brasileiro e o povo americano", disse Lula.
Comércio, sanções e soberania na pauta
Lula adiantou que pretende discutir as taxas impostas às exportações brasileiras, que, segundo ele, carecem de justificativa sustentável.
"A tese pela qual se taxou o Brasil não tem sustentação. Os Estados Unidos têm superávit de 410 bilhões de dólares em 15 anos com o Brasil", afirmou.
O presidente citou como exemplo as tarifas de 50% aplicadas ao café e à carne, argumentando que as medidas acabam prejudicando o próprio consumidor norte-americano, com alta de preços.
Lula também deve tratar de sanções a autoridades e instituições brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, e de temas ligados aos direitos humanos, rebatendo críticas recentes.
Sobre a política antidrogas dos EUA na América Latina, o presidente defendeu respeito à soberania dos países.
"Você não pode simplesmente dizer que vai combater o narcotráfico na terra dos outros sem levar em conta a Constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos ou a soberania territorial. Se o presidente Trump quiser discutir esse assunto comigo, terei imenso prazer", afirmou.
Lula encerrou dizendo que espera que o encontro transmita uma mensagem positiva ao mundo:
"Somos as duas maiores democracias do Ocidente. Temos que passar para a humanidade harmonia, e não desavença."
Brasil busca protagonismo na Asean
Antes de seguir para a Malásia, Lula se reuniu com o secretário-geral da Asean, Kao Kim Hourn, em Jacarta, e afirmou que o Brasil quer se tornar membro pleno do bloco.
"O Brasil trabalha para ser membro pleno. O país tem de acreditar na sua economia. Espero que a gente possa ter um entrosamento cada vez mais forte e sair com uma perspectiva muito positiva", declarou.
Atualmente, o Brasil é parceiro de diálogo setorial da Asean e busca ampliar a cooperação em áreas como bioenergia, saúde e educação. Lula também convidou os países do bloco para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro de 2026, e apresentou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), voltado à preservação de áreas florestais com pagamento de até US$ 4 por hectare preservado.
"O engajamento da Asean é fundamental para mobilizar apoio ao TFFF", destacou o presidente, elogiando a participação da Malásia no comitê diretivo do fundo.
Expansão regional e laços com o Timor-Leste
Lula também celebrou a entrada do Timor-Leste como 11º membro da Asean, ressaltando os laços históricos e linguísticos entre os dois países.
Criada em 1967, a Asean reúne dez nações - Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia e Vietnã - e tornou-se o quinto maior parceiro comercial do Brasil em 2024, movimentando US$ 37 bilhões, ante apenas US$ 3 bilhões em 2002.
O bloco responde por 20% do superávit da balança comercial brasileira, consolidando-se como um eixo estratégico da política externa de Lula voltado ao Sul Global e à diversificação das parcerias internacionais.
A reunião de Lula com Donald Trump, em Kuala Lumpur, será o ponto alto da etapa final da viagem presidencial pelo Sudeste Asiático.
O governo brasileiro aposta que a aproximação simultânea com a Asean e com os Estados Unidos reforçará o papel do Brasil como ponte entre o Sul e o Norte globais, combinando cooperação econômica, sustentabilidade e defesa da soberania. "O mundo precisa de líderes com vontade de fazer as coisas acontecerem", ressaltou Lula.
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