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Republicídio

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17/9/2007 | Atualizado 18/9/2007 às 7:00

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João Vieira*

No campo cívico não há indecoro maior que o de desmerecer a própria instituição republicana. Ou seja: o republicídio!

Assim o fizeram a maioria dos senadores da atual legislatura, ao votar pela absolvição de Renan Calheiros, senador pelo estado de Alagoas, acusado de quebra de decoro por atos incompatíveis com a gente do bem, sobremodo se investida de nobres funções parlamentares. Fazemos, por oportuno, acrescer ao repúdio geral e à indignação pública a nossa insatisfação de cidadão-avô e escriba, cedendo nosso espaço para transcrição das abalizadas considerações do teórico da ética e teólogo Leonardo Boff reunidas no texto intitulado “A bacia de Pilatos”.

Ei-lo: 

“A nação está perplexa e indignada. Na cara da maioria dos políticos e particularmente dos jornalistas que acompanharam o caso do senador Renan Calheiros e sabiam das manobras escusas que usava a partir de seu cargo de presidente da Casa, para se manter no poder, se estampava decepção e abatimento. E com razão, pois, o Senado se transformou num sinédrio, cheios de herodianos, aliados do poder dominante. Esses votaram a favor e seis se abstiveram. Exatamente o número que Renan precisava para escapar da punição. Abster-se é dizer não à cassação. Supõe-se que muitos destes votos, secretos, vieram do PT e aliados. O senador Mercadante revelou seu voto de abstenção. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti, cabalava votos em favor de Renan e deve ter se abstido, facilitando a vitória do acusado.

A propósito de falta de decoro por permitir que um lobista pagasse suas contas pessoais referentes ao filho que tivera com sua amante – isso se chamava antigamente de adultério público – descobriram-se muitas outras irregularidades graves, atestadas pela Polícia Federal e pelo jornalismo investigativo da televisão. Esta foi ao local em Alagoas, documentou em som e em cores as mentiras e falsas alegações de Calheiros, o que comprovava ainda mais sua falta de decoro. Além do mais, mentiu aos senadores e sonegou informações e documentos ao Conselho de Ética.

Aliados do absolvido falaram em vitória da democracia. Que democracia? Esta convencional no Brasil, encurtada e farsesca, montada em cima de conchavos, do uso do poder público em benefício próprio, infectada de tráfico de influência e de desvio de dinheiros públicos?

O que envergonha os cidadãos é verem senadores, alguns velhos provectos, sem qualquer dignidade, verdadeiros mafiosos do poder, voltarem as costas à sociedade e fazerem-se cegos e surdos ao clamor das ruas. Estão tão enjaulados em seus privilégios na redoma do Senado que nem lhes importa o que a mídia e a opinião pública pensam deles.

Mas o que envergonha mesmo é a recaída de membros do PT. São pecadores públicos contumazes. Já haviam antes enviado a ética nem sequer para o limbo, mas diretamente para o inferno. Agora repetiram o ato pecaminoso. Por isso, são desprezíveis como Pilatos. Este se acovardou diante do povo e condenou Jesus. Mas antes fez um gesto que passou à história como símbolo de pusilanimidade, de covardia e de falta de caráter. Diante do povo, lavou as mãos com água. Essa ‘bacia de Pilatos’ foi ressuscitada no Senado. Mas a água não é água. São lágrimas dos indignados, dos cansados de ver injustiças e dos dilacerados diante da contínua impunidade.

A ‘honorabile famiglia Calheiros’ tem novos membros em sua máfia. Todos os que se abstiveram podem acrescentar a seus nomes o sobrenome de Calheiros. Como revelou publicamente seu voto pela abstenção, o senador Aloizio Mercadante merece agora ser chamado de Aloizio Mercadante Calheiros. Pelo esforço da argumentação em favor da não cassação de Renan, a senadora Ideli Salvatti merece que lhe apodemos de Ideli Salvatti Calheiros. Ela fez a figura inversa da mulher do covarde Pilatos, que o advertiu: ‘Não te comprometas com este justo, pois sofri muito hoje em sonhos por causa dele’. Ela e outros devem estar sofrendo muito, sim, roídos pela má consciência. Esse sofrimento transparece em seus olhos revirados e em seus rostos desfigurados.

O povo não merece ser representado por espíritos menores, faltos de ética, desavergonhados e esquecidos de que são meros delegados do poder popular. Que mostrem a cara, que falem ao povo, que expliquem por que, diante de tantas provas dos relatórios do Conselho de Ética e do clamor das ruas, puderam agir de forma tão traiçoeira”.

*João Vieira é professor-fundador, aposentado, da Universidade Federal de Mato Grosso e ex-diretor do Museu Rondon.

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