As denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o PT pagaria mesada a parlamentares aliados em troca de apoio ao governo podem precipitar uma série de mudanças na Esplanada dos Ministérios esta semana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com ministros do núcleo político, na Granja do Torto, a viabilidade de anunciar uma reforma ministerial com o eventual fortalecimento do PMDB no governo.
Durante todo o dia, Lula conversou com os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e José Dirceu (Casa Civil) sobre alternativas para conter a crise política, cuja dimensão pode ganhar novos contornos esta semana, com os depoimentos de Jefferson na Câmara e o início dos trabalhos da CPI dos Correios.
Uma das saídas seria a demissão do ministro da Casa Civil. Desgastado pela denúncia feita pelo petebista, Dirceu teria manifestado intenção de retornar ao Congresso para se defender das acusações. Em nova entrevista à Folha, publicada neste domingo, Jefferson volta a carga contra o ministro, a quem acusa de ter participação ativa no suposto esquema do "mensalão" (leia mais). Também poderiam deixar o governo o ministro da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alvos de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa da permanência de Dirceu no governo veio exatamente do ministro da Coordenação Política, com quem o petista trava uma disputa interna de poder. Na avaliação de Aldo, a saída do chefe da Casa Civil só daria munição para a oposição e enfraqueceria o Planalto. Lula volta a se reunir com seus auxiliares nesta segunda-feira, quando deve tomar uma decisão.
Nos bastidores, já se cogitava ontem o nome do substituto de Dirceu: o governador do Acre, Jorge Viana (PT). O irmão dele, o senador Tião Viana (PT-AC), promete discursar hoje propondo que todos os ministros do PT entreguem seus cargos, deixando o presidente à vontade para fazer a reforma.
Entre uma conversa e outra com Lula, Aldo trocou telefonemas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (PMDB-AP) e o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, em busca de apoio dos peemedebistas nos próximos embates com a oposição no Congresso.
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