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Congresso em Foco
26/11/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:30
Além das providências para a resolução do episódio, há reflexões sobre as suas causas. Uma delas se vincula às dificuldades para a explicação do problema junto à população atual e às futuras gerações, dado que, nas democracias, os dirigentes devem explicações sobre seus atos e responsabilidades aos cidadãos. Assim, como justificar que, no decorrer de uma das crises sanitárias e econômicas mais graves do século, estoques volumosos de insumos dispendiosos e de relevância para o controle da doença tenham sido negligenciados pela administração pública do país, a ponto de ser necessária uma atuação emergencial para tentar resolver a situação?
A explicação do problema se apresenta ainda mais delicada pela razão de que a distribuição tempestiva desses testes, e o consequente uso pela população que por eles pagou, demandaria não mais do que atividades tradicionais de planejamento, logística e de coordenação governamental. Nesse aspecto, o episódio é ilustrativo de que a mera disponibilização de recursos financeiros em sistemas que possuem a complexidade e a dimensão do SUS é apenas parte das soluções que o governo deve apresentar à sociedade, haja vista que a implantação de políticas públicas efetivas envolve, tanto o aporte de recursos financeiros adequados, o domínio de habilidades técnico-políticas relacionadas à gestão profissional do aparato público, sobretudo àquelas que se relacionam ao âmbito do planejamento e da logística e, no caso específico do SUS, da interlocução e da coordenação federativa.
Por fim, o encalhe dos testes acende um alerta sobre as campanhas vacinais que estão previstas para a imunização contra a covid-19. Vacinas são insumos delicados, com demandas logísticas que costumam ser mais complexas do que as requeridas para os testes diagnósticos. Erros de planejamento, armazenagem e manuseio podem torná-las ineficazes e comprometer os resultados tão esperados pela população para o controle da pandemia. A ineficiência na gestão dos testes pode ser mau prenúncio frente ao desafio da vacinação em massa que está por vir.
*Lucia de Fatima Nascimento de Queiroz pertence à carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, é médica sanitarista e doutora em Administração Pública.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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