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O voto secreto ainda nos salvava

Congresso em Foco

10/9/2006 | Atualizado 21/9/2006 às 12:31

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Rodolfo Torres*


E eis que o Brasil ficou menos brasileiro com a aprovação, mesmo que ainda não definitiva, do voto aberto para todas as votações do Congresso Nacional. Do jeito que a insatisfação está, é bem capaz que os políticos saiam aprovando inúmeras medidas do gosto popular, sem uma análise mais racional e, por isso mesmo, menos brasileira também.

Tenho muito medo de um segundo mandato do PT. Como tenho medo de um terceiro mandato do PSDB. Aliás, medo é o que não me falta quando penso no futuro deste país. O principal fator do meu medo é que estamos deixando de ser o que sempre fomos para nos tornarmos alguma outra coisa que nunca seremos, sem perder a parte ruim, e jogando fora a parte boa.

Exemplo: essa idiotice chamada eficiência. Esse ritmo de vida imbecil que estamos levando nunca foi uma vocação para o nosso povo. Temos o talento de ver a vida passar, de receber as coisas na mão, de conversar sobre o tempo de amanhã, de ter insônia por ter dormido à tarde. Esse é o nosso ritmo. Nunca a eficiência a todo custo.

Com a aprovação do voto aberto em todas as decisões do Congresso, um pouquinho do Brasil brasileiro morreu. Aquele Brasil no qual ainda era possível mascar fumo no meio da tarde e cuspir um líquido preto na calçada esburacada e rachada pelo sol. Um Brasil dos mercadinhos e das vendas de esquina, do café fiado e do vestido da mulher amada feito na costureira.

O fim do voto secreto não servirá nem ao menos como uma pá de cal, seja no que for. O fim desse procedimento vai apenas retirar uma cortina elegantemente colocada para que fôssemos poupados desse espetáculo mórbido que é a política brasileira. Agora veremos como os deputados votam e, cá entre nós, pouca coisa vai mudar nas nossas vidas.

A partir do momento em que vários deputados têm emissoras de rádio e TV, participações em jornais e amizades na imprensa. Quando sabemos que centenas deles são anunciantes dos mais variados veículos de comunicação e que dispõem de artifícios eficientes para inibir qualquer descontentamento mais expressivo percebemos que estamos diante de uma situação embaraçosa para todo mundo.

Os votos continuarão na linha que sempre estiveram, os deputados continuarão praticando o que sempre praticaram, a vida seguirá o seu rumo por essas bandas e nós ainda seremos obrigados a saber o que cada deputado fez na urna. Seria mais honroso permanecer com essa cortina dos pudores para que ao menos a dúvida fosse capaz de habitar nos mais variados debates a respeito das votações na Câmara.

Em pouco tempo, as votações continuarão a absolver deputados, e ainda assim seremos obrigados a saber quem votou a favor de quem. Um desgaste desnecessário, para um sistema político desnecessário, de um povo desnecessário. O fim do voto secreto, o nascimento do voto aberto, só trará um certo nojo a mais para quem já não suporta saber que estamos no inferno dos sistemas democráticos, onde a burrice de Estado é a pior forma de massacre que encontramos em 500 anos de Brasil.

Vamos ao voto aberto, para que ao menos assim o funeral deste país seja o mais rápido e, se possível for, o mais discreto. Se alguma tristeza for permitida, alguém poderá dizer que tínhamos um belo futuro que poderia ter sido, mas que não foi. E o que é pior: que jamais será.

*Rodolfo Torres, jornalista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é repórter do Congresso em Foco. Também trabalhou na revista Caros Amigos.

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