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Congresso em Foco
9/11/2016 | Atualizado às 10:36
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O sistema interestatal (internacional) também vive turbulências sem precedentes nos últimos tempos, com o aumento exponencial dos conflitos e da violência. As potências do Atlântico Norte, lideradas pelos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vêm perdendo o poder hegemônico sobre o mundo, e novas potências - não ocidentais - têm emergido ou re-emergido, estabelecendo entre si relações econômicas, políticas e culturais que, pela primeira vez nos últimos cinco séculos, não são intermediadas pelas potências ocidentais, escapando, por conseguinte, ao seu controle.
E, o que é igualmente grave: desde a Revolução Mundial de 1968 testemunhamos a crescente perda do poder de convencimento do discurso liberal centrista que dava ligadura a todo o sistema. Em algum momento depois da Revolução Mundial de 1848, a narrativa liberal centrista do Estado do bem-estar social, que transformara em programa de governo os ideias da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) alcançou a hegemonia sobre as demais - conservadora e radical (marxista) - e, nos últimos séculos, vinha conquistando as mentes e os corações das massas de indivíduos.
Entretanto, a velha mágoa contra a economia-mundo capitalista - que, por depender da constante acumulação de riqueza, inevitavelmente resulta em crescente desigualdade social -, aliada à decepção com o fracasso dos vários governos de esquerda em promover um mundo menos injusto, levou a grande maioria dos indivíduos a desacreditar no sistema, a perder a esperança de que os sacrifícios presentes poderiam garantir uma vida menos sôfrega para seus filhos e netos no futuro.
Essa descrença e desesperança generalizada, manifestada nos grandes protestos que vêm sacodindo o planeta desde dezembro de 2010, tem feito ruir tanto o sistema político interestatal, fundado no discurso liberal da representação, quanto a economia-mundo capitalista, legitimada no discurso liberal do mérito.
A vitória de Donald Trump é só mais um dos resultados dessa descrença e desconfiança generalizada no sistema-mundo moderno e em suas pernas econômica, política e cultural, e de seu consequente colapso.
Não sabemos o que nos espera. Mas a efusividade com que o ex-presidente da Ku Klux Klan e a presidente da Frente Nacional, partido ultra-direitista francês, saudaram a vitória de Trump não parece bom presságio.
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