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Congresso em Foco
7/11/2016 | Atualizado 8/11/2016 às 1:33
[fotografo]EBC[/fotografo][/caption]Porém, não está clara essa capitulação dos atores ao Estado Democrático de Direito.
Os arranjos de cumplicidade, histórico e legalmente construídos, não são fáceis de desmontar. Caso fossem, seria de se esperar que experiências exitosas de países avançados facilmente alcançassem os países menos avançados.
Em contraste, o que se percebe é um aumento do nível de radicalização dos diferentes grupos sociais, obscurecendo o que é entendido como espaço público. Liberais, marxistas, keynesianos, petistas, tucanos, libertários, evangélicos, católicos, entre outros, cada vez menos demonstram disposição para entendimentos comuns.
Nesse contexto, não é possível constatar claramente a emergência de um círculo virtuoso entre gestão pública, transparência e controle.
A população ainda compreende muito pouco o dia-a-dia da administração pública e não tem sido capaz de sustentar uma visão clara dos resultados que quer alcançar por meio do Estado.
Por mais transparente e controlável que o Estado seja, a inexistência dessa visão minimamente comum impede avanços substanciais na gestão pública. Essa necessita de constância de propósitos, bem como de sistemas de avaliação regulares para evoluir.
Nosso sistema eleitoral, entretanto, tem se caracterizado pelo reforço contínuo das diferenças entre os grupos, sobrepondo-se a qualquer tentativa de construção de pactos comuns.
Rios de dinheiro são gastos em campanhas de desconstrução política de grupos adversários, enquanto muito menos recursos são usados para a construção de uma visão minimamente comum de Estado.
Note, por exemplo, o grau de conhecimento da população sobre as prioridades estabelecidas na Constituição:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Pouco se tem escrito ou problematizado sobre o assunto. Do que tem sido feito, ainda é muito circunscrito a pequenos grupos acadêmicos, de forma incapaz de se sobrepor às paixões eleitorais. De fato, o sistema de controle somente há muito pouco tempo parece estar se preocupando em priorizar suas causas. Apenas recentemente se percebe maior efetividade do poder Judiciário contra desvios da cúpula dos demais Poderes. O corte na própria carne, todavia, ainda é tímido. Prevalece a crítica de que os órgãos de controle preocupam-se mais com os procedimentos realizados do que com os resultados das ações estatais. As grandes agendas nacionais (sistema tributário, juros, formação de professores, segurança pública, justiça etc.) continuam em segundo plano em relação a procedimentos burocráticos e a rivalidades político-partidárias. É preciso construir uma nova dinâmica entre gestão pública, transparência e controle. Tal agenda necessita ser menos autocentrada na administração pública. Precisa engajar de fato a população na formulação e gestão dos serviços públicos. Novos paradigmas estão emergindo, como a promoção da cultura de dados abertos e as novas metodologias de cocriação de serviços públicos e de inovação aberta. Ainda é cedo, porém, para avaliarmos se elas serão capazes de gerar instituições sistemicamente mais confiáveis. Sigamos tentando. * Especialista em políticas públicas e gestão governamental. Mais sobre crise brasileira Mais sobre gestão públicaTags
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