Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
12/12/2005 | Atualizado 8/2/2006 às 15:53
José Euclides Stipp Paterniani*
A transposição do Rio São Francisco é polêmica. Para discorrer sobre o assunto, é importante lembrar de um conceito básico mas de extrema importância para iniciar a discussão: não há possibilidade de desenvolvimento de uma região sem água.
O Brasil é o primeiro país, da lista dos mais ricos, em termos de quantidade de água. No entanto, essa água está injustamente distribuída no território brasileiro. Para lutar por um país mais justo - reduzindo as desigualdades sociais e econômicas - e dar condições iguais para o desenvolvimento, é necessário combater também essa injustiça: a da má distribuição de água.
A bacia do Rio São Francisco é uma das três maiores reservas hídricas do país. A relação de uso nessa bacia indica que há mais água do que a demanda existente. Assim, o desvio de 1% a 3 % de sua vazão para beneficiar regiões que estão em condições críticas é, acima de tudo, fazer justiça social. Essa quantidade de água desviada do São Francisco é muito pequena, se comparada às reduções das vazões naturais de alguns rios, causadas por uma estiagem atípica.
Grupos contrários à transposição alegam que ela pode causar impactos negativos ao meio ambiente. Sabe-se, porém, que muitos desses impactos são, atualmente, perfeitamente controlados e monitorados de forma a minimizar os danos provocados por um desequilíbrio ambiental. Além disso, são conhecidos os efeitos provocados pela instalação de dezenas de hidrelétricas no país.
Argumentar que é possível assegurar o desenvolvimento sustentável, com dignidade humana, por meio de políticas de convivência com o semi-árido é, no mínimo, uma atitude não condizente com a política de justiça social e pode acarretar conseqüências trágicas, entregando à própria sorte as populações dessas regiões.
Julgamento antecipado
Criticar o projeto de transposição com argumentos técnicos que possam contribuir para a busca de novas soluções e que conduzam a um empreendimento mais eficiente e de menor custo é salutar e desejável.
Contudo, críticas sem fundamentos técnicos ou científicos, embasadas apenas em questões emocionais, só servirão para atrasar, ainda mais, o desenvolvimento de muitas regiões do Nordeste brasileiro que, desde a época do reinado de D. Pedro II, quando a primeira tentativa de transposição do Rio São Francisco foi feita, não apresentam condições de desenvolvimento.
É prioritário o projeto de revitalização do rio antes da execução da obra, incluindo uma gestão firme sobre os atuais usuários do rio a fim de garantir água de boa qualidade, uso mais racional deste recurso hídrico e evitar problemas relacionados à falta de saneamento.
Se a transposição do rio São Francisco versar sobre os aspectos aqui abordados, sem se curvar a interesses de grupos específicos nem a interesses políticos, terá grandes chances de sucesso e contribuirá para minimizar a injustiça social no país, bandeira de muitas instituições brasileiras.
* José Euclides Stipp Paterniani é Conselheiro da Pró-Terra, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola e coordenador da Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Unicamp.
Tags
PEC da Blindagem
Silvye Alves pede desculpas por voto a favor da PEC da Blindagem
PEC da Blindagem
Em vídeo, Pedro Campos diz que errou ao apoiar PEC da Blindagem
PEC da Blindagem
PEC da blindagem
Artistas brasileiros se posicionam contra a PEC da Blindagem