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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Henrique Fróes e Gabriele Cornelli
6/1/2018 12:00
[fotografo]"Visitação", do mestre italiano Rafael[/fotografo][/caption]Os sinais deste abalo de Maria estão espalhados pelo texto de maneira cuidadosa e sutil, mas de forma a não poderem ser ignorados. De fato, o diálogo entre o anjo e a mulher galileia não acontece da forma como se esperaria, ou da forma como tanta teologia quis ressaltar, destacando a submissão e a prontidão da resposta de Maria à gravidez como seu destino. Em sua aflição, a mulher protesta não ser possível ela estar grávida por não ter havido intercurso sexual. A resposta do anjo é a indicação de que deus-lhe-fez-sombra, isto é, de que houve sim um intercurso, mas divino.
Sabemos como acaba a história deste encontro, pois é como todas as histórias antigas sobre o encontro de mulheres e deuses. Maria se declara serva, escrava de deus, reconhecendo sua impotência, portanto, seu desempoderamento - como diríamos hoje - com relação a esta intervenção divina que faz de seu ventre um meio de reprodução alheio à sua vontade. Ainda assim, suas últimas palavras a Gabriel podem ser lidas como uma forma última de consentimento, apesar de tudo: "aconteça-me segundo a tua palavra", isto é, está-bem, assim-seja, tens-meu-consentimento-à-gravidez.
Que seja feita a vontade dela
Gosto de pensar que neste desfecho do diálogo dramático entre uma mulher e deus, nas últimas palavras de Maria, residem toda a beleza e a dor de uma mulher que - ontem como hoje - deve decidir se leva adiante uma gravidez indesejada e que a colheu de surpresa, por vários motivos, nem todos necessariamente divinos. Entre as páginas mais belas da literatura e da iconografia de todos os tempos, a anunciação de Maria poderia ser mais facilmente renomeada como a escolha de Maria. O texto evangélico mostra claramente que foi uma escolha difícil, perturbada, cheia de dúvidas e de protestos, como provavelmente somente uma mulher que tenha vivido uma situação semelhante pode compreender.
Maria está longe de ser passiva com relação ao que acontece no interior de seu útero. Ainda que - no caso da gravidez messiânica dela - pareceria quase impossível que fosse resistir ao destino marcado para ela, a de ser meio de salvação da humanidade, Maria fica em pé na frente de deus: sente, pensa e consente com a liberdade que lhe resta frente a tudo isso. A escolha poderia ter sido outra, para Maria e para todas as mulheres na situação dela. Que assim seja, portanto, e que seja feita a vontade dela.SEGURANÇA PÚBLICA
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