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Congresso em Foco
22/4/2017 | Atualizado às 18:53
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Pois bem, o Império caiu, a República passou por diversos momentos e chega-se ao ano de 2017 com a plena sensação de que o país tem dono e que o registro de propriedade não está direcionado ao povo e não é lavrado com cidadania. Ao contrário, permanecem as práticas ilícitas, o mau uso da coisa pública e a necessidade clara de encaminhamento de algum tipo de mudança que retire esse arremedo de nação chamado Brasil das trevas do corporativismo medieval e lance o país em algum tipo de modernidade na qual o espírito de cidadania e suas implicações sejam realmente internalizadas. E aqui surge outro questionamento: qual o maior entrave para a modernização de fato da sociedade brasileira? A proposição é simples e direta, o maior entrave para a modernização do país é a própria sociedade brasileira.
O ponto aqui defendido é que os escândalos de corrupção que marcam o cotidiano político nacional são apenas um reflexo de uma sociedade marcada profundamente pela ideia de que a coisa pública é um bem que deve ser usufruído por aqueles que alcançam determinadas esferas de poder. Nesse sentido, é possível afirmar que o republicanismo que se construiu a partir da bestialização da cidadania se consolidou no tempo em um tipo de naturalização, processo no qual as pessoas simplesmente pararam de se chocar ou de se incomodar com o número de desmandos cometidos por entes que teoricamente são responsáveis pela manutenção do bem-estar social em âmbito coletivo.
Nestes termos, o povo que saiu as ruas contra desmandos em meados de 2013, percebeu rapidamente que qualquer tipo de mudança real no status quo político, necessariamente envolveria mudanças profundas em termos de vivência cotidiana, levando a uma escolha direta entre dois tipos de posicionamento: acomodação ou mudança. Especificamente, pode-se inferir pelo atual nível de participação popular que parte considerável da sociedade brasileira optou por uma postura de acomodação, na qual o choque entre algumas instituições e seus representantes é visto em termos claros como uma espécie de reality show e aqueles que não estão diretamente envolvidos se colocam como meros espectadores naturalizados ante uma realidade política que insiste em resistir à mudança.
*Assessor de Relações Institucionais e Governamentais e professor na Universidade Católica de Brasília.
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