Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
3/2/2011 22:52
Fábio Góis
Em um canto do plenário, pouco antes de a Câmara escolher seu novo presidente, Tiririca falou ao Congresso em Foco já como deputado empossado. Tranquilamente, sem a turba de repórteres, servidores e visitantes que, naquele dia, devem tê-lo feito resgatar as lembranças da infância pobre em Itapipoca, cidade onde nasceu há 45 anos, no interior do Ceará.
Alçado à condição de deputado mais votado do país em números absolutos, o palhaço demonstra humildade ao assumir o novo papel. Surpreso com a receptividade no Congresso, diz que precisará da ajuda dos colegas e de muito trabalho para fazer por merecer os 1,3 milhão de votos dirigidos a ele pelos eleitores paulistas.
Recém-operado para retirada da vesícula, o agora congressista pelo PR de São Paulo dava respostas curtas, em tom baixo. E por vezes esboçava um sorriso desanimado que, se não traduzia propriamente alegria ou satisfação, demonstrava o cansaço de quem ficou o dia inteiro sob a mira de flashes e microfones.
Já passava das 22h, e a eleição para a presidência da Câmara já se aproximava do fim, a passos lentos. Antes da abordagem do repórter, a assessoria de imprensa se apressou em dizer por que o deputado volta e meia ficava confinado na sala de lanches anexa ao plenário (o "cafezinho da Câmara"), como este site registrara: o ator Tiririca - é assim que a página oficial da Câmara na internet o registra (confira) - precisava, por recomendações médicas pós-operatórias, alimentar-se a cada três horas.
Esclarecimento feito - e Tiririca assistia atentamente à atuação de seus assessores, como criança sob sermão dos pais -, a entrevista com ares de bate-papo pode então ser feita. Mas sem que tenha sido evitada a interferência de um ou outro que, àquela hora da noite, ainda queria fotos com o intérprete de "Florentina".
Confira as amenidades da entrevista com Tiririca:
Congresso em Foco - Então quer dizer que o senhor entrou várias vezes no cafezinho, durante todo o dia, porque precisava comer a cada três horas? Comeu bem, então?
Deputado Tiririca: É verdade.
Como foi o primeiro dia como deputado?
Achei bacana, achei legal.
Seus novos colegas o receberam adequadamente, o trataram bem?
Muito bem, foi muito bacana. A recepção foi acima do esperado, eu não esperava isso.
Encontrou com o deputado Romário?
Não encontrei, não conversei com ele.
Topa uma partida de futevôlei com ele aqui em Brasília?
Com certeza, um futebolzinho também.
Deputado, o senador Eduardo Suplicy aceitou uma luta de boxe com o deputado Acelino "Popó" de Freitas (saiba mais). A princípio, o combate está marcado para a quinta-feira (3), às 8h (a entrevista foi feita dois dias antes, na terça-feira, e a luta foi adiada). O senhor vai prestigiá-los?
(risos) Quinta-feira, oito da manhã? (mais risos) Ele chamou (Popó para o desafio), foi?
Chamou... E não só aceitou a luta como disse que ia lutar sério.
Sério?
Sério.
É doido...
O senhor vai ou não assistir à luta?
Vou não. Não quero ver um colega se despedindo, não... (risos)
Mas os dois são profissionais, deputado...
Eu sei, mas... o Popó?
Popó bate forte, não é?
É...
O senhor tem coragem de enfrentá-lo?
Tá doido...
Mudando de assunto, deputado. O que o senhor acha de integrar uma frente parlamentar do humor?
Você acha que funcionaria? Claro... (pausa para orientações da assessoria) Em defesa da cultura popular, aí sim.
O senhor vai propor algo nesse sentido?
Com certeza.
Já registrou seu voto para a presidência da Câmara, deputado?
Já votei.
Vai revelar o voto?
Tranquilo. Marco Maia (PT-RS, eleito presidente da Câmara). Estamos esperando o resultado.
Deputado, na primeira vez em que o senhor veio ao Congresso, em 15 de dezembro, foi um tumulto. Lembro que elogiei sua elegância e perguntei ao senhor onde havia comprado o terno. O senhor disse que havia comprado na semana anterior...
Foi você?
Foi. E uma coisa me intrigou na ocasião. No dia seguinte, um grande jornal mostrava o senhor devolvendo o sapato a alguém que estava entre as dezenas de pessoas ao redor. Mas houve uma versão de que o senhor é que havia deixado o sapato pelo caminho...
Não fui eu, não. Foi um jornalista que perdeu sapato. Acharam, colocaram na minha mão, mas não era meu sapato, não. ("O dele era de amarrar e o do jornalista era modelo esportivo", esclarece a assessoria.)
O senhor continua elegante, deputado. Vai ser assim daqui em diante?
Com certeza. Aqui, sim. Aqui a conversa é outra.
Deputado, o Congresso em Foco agradece por mais esta entrevista, e deseja ao senhor toda a sorte no mandato, e que o senhor faça por merecer o recorde histórico de votos que recebeu em outubro.
Obrigado, obrigado mesmo. Vamos tentar fazer por merecer. É isso que, se Deus, quiser, e com a ajuda dos colegas - porque uma andorinha só não faz verão - eu quero retribuir os votos que eu tive com muito trabalho. Se Deus quiser.
Leia também:
Tiririca quer aprender. Quem pode ensinar?
Tiririca começa a saber o que faz um deputado
Temas
SEGURANÇA PÚBLICA
Crise no Rio reforça necessidade da PEC da Segurança, diz relator
TRANSPORTE AÉREO
Câmara aprova proibição da cobrança por malas de até 23 kg em voos
Relações exteriores
Senado dos EUA aprova projeto que derruba tarifa contra o Brasil