Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
3/5/2010 0:30
Antônio Augusto de Queiroz *
O PT e o presidente Lula irão precisar de nervos de aço nos próximos meses, especialmente em maio, quando a tendência é que José Serra, beneficiado pela saída de Ciro, alargue sua vantagem nas pesquisas sobre Dilma. Será um período de transição de um a dois meses, mas logo a candidata do PT voltará a crescer.
O eventual crescimento do candidato do PSDB, com a transferência de votos num primeiro momento da maioria dos eleitores de Ciro, decorrerá, de um lado, da desinformação do eleitor sobre a candidata oficial, e, de outro, do fato de o nome de Serra ser mais familiar ao eleitor. Ou seja, boa parte dos eleitores de Ciro, por não saberem que Serra é do PSDB nem que Dilma é a candidata de Lula, optará pelo nome mais conhecido.
De fato, José Serra tem o nome mais conhecido e exposição positiva na mídia. Ele disputou a eleição presidencial em 2002, foi prefeito, governador, deputado federal e senador, enquanto Dilma só ganhou visibilidade no governo Lula e, com mais exposição, quando assumiu a chefia da Casa Civil, após a saída de José Dirceu em junho de 2005.
Nesse período, o fundamental para os aliados de Dilma será segurar a ansiedade, gerenciar expectativas, e controlar o salto alto do presidente, que precisa ser mais humilde, inclusive para que seu partido, o PT, também o seja. Se não forem prudentes, poderão colocar a eleição de Dilma em risco, porque a pressão psicológica será grande, com o crescimento do principal adversário nas pesquisas em maio e talvez em junho.
A explicação para o provável crescimento de Serra é razoavelmente simples. Segundo a última pesquisa Ibope, quando o nome de Ciro era excluído da lista de candidatos, a migração de seus votos para Dilma era de apenas 33%, enquanto para Serra era de 44%. Pela pesquisa Sensus, a migração era de somente 16% para Dilma e 41% para Serra.
Aqui cabe um parêntese para uma explicação. Como o PSDB acusou a pesquisa Sensus de manipular dados, vai voltar à carga nas próximas pesquisas dizendo que tinha razão, já que a diferença entre a última e a próxima pesquisa Sensus será grande. Mas isso será explicado pela transferência de voto do eleitor de Ciro para Serra, que, pela pesquisa Sensus, previa 41% contra apenas 16% para Dilma.
O segundo aspecto, da desinformação do eleitor, possui dupla dimensão. A primeira diz respeito ao eleitor de Ciro, que, segundo o Datafolha, está concentrado em mais de um terço no Nordeste, sendo 16% do total só no estado do Ceará, que é governado pelo irmão dele, Cid Gomes (PSB).
Ora, se Cid e Ciro apóiam Dilma, e Dilma é candidata de Lula, que é recordista de apoio no estado, como explicar que o eleitor dos dois primeiros vote em Serra, adversário político deles e do presidente Lula? Só a desinformação justifica. E isso pode ser e, certamente, será corrigido ao longo da campanha.
Uma informação relevante da última pesquisa Vox Populi, feita considerando a hipótese de Ciro fora da disputa, é que quando os eleitores sabem que Dilma é a candidata de Lula, ela ganha de Serra por 47% a 34% entre os eleitores do sexo masculino e de 42% a 33% entre as mulheres.
Como sem essa informação (Dilma candidata de Lula) Serra está à frente em todas as pesquisas, considerando ou não a candidatura Ciro, a conclusão a que se chega é que o problema é de desinformação. Estima-se que mais de 40% do eleitorado não sabe que Dilma é a candidata de Lula.
Eventuais oscilações favoráveis a Serra nas próximas pesquisas não podem ser vistas como algo definitivo. Portanto, não devem ser motivo de euforia do PSDB nem de desespero do PT. Os resultados dessas pesquisas podem, e tendem a ser, provisórios, já que poderão ser alterados quando corrigida a assimetria de informação entre os eleitores, o que será feito ao longo da campanha.
Assim, é preciso administrar as expectativas e ansiedades. O momento é de transição. E, nesses momentos, a prudência, o equilíbrio, e a humildade são os melhores conselheiros. A eleição só será decidida em outubro. Até lá, nervos de aço!
* Jornalista, analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Leia também, do mesmo autor:
Biografia, programa ou circunstância: o que definirá a eleição?
Por que parlamentares desistem da reeleição
Renovação tende a ser baixa na eleição no Congresso
Ciclos da eleição presidencial
Balanço da produção legislativa em 2009
Eleição presidencial: o roteiro está traçado
Quem ganha e quem perde com nova interpretação sobre MPs
Leis de acesso à informação e lobby
Excesso de medidas provisórias: um falso debate
Oportunismo empresarial na crise
Tags
SUCESSÃO DE FRANCISCO
Conclave começa: conheça os 133 cardeais que podem virar papa
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Veja como cada deputado votou no projeto que aumenta vagas na Câmara
PLENÁRIO DA CÂMARA
Veja quais deputados votaram para suspender ação contra Ramagem
SUCESSOR DE FRANCISCO