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Congresso em Foco
23/4/2008 | Atualizado 24/4/2008 às 10:21
Renata Camargo
Numa coisa governo e oposição concordam: mesmo com a possibilidade de pegar carona na popularidade do presidente Lula, o que deve definir a eleição municipal são as questões locais. O que se vê nos estados, nesse período de prévias eleitorais, é uma acirrada disputa de espaços e interesses, que muitas vezes contrariam o cenário nacional.
Parlamentares de partidos da base aliada acreditam que, embora Lula prometa apoio às legendas que lhe dão sustentação no Congresso, o presidente vai se empenhar mesmo é na eleição dos candidatos petistas.
“Se o presidente fosse ao palanque dizer para que votassem em mim, acho que influenciaria. Mas, como isso não acontece, não vai me ajudar em nada”, afirma o deputado Neucimar Fraga (PR-ES), pré-candidato à prefeitura de Vila Velha. O deputado, que deve enfrentar o PT e o PMDB nas urnas, acredita que a esfera nacional fica em segundo plano na disputa à prefeitura. “Aqui no estado não ficamos presos à articulação federal”, justifica.
A oposição também prefere minimizar a influência das alianças nacionais no plano municipal. “Os fatores locais são determinantes. Alguma influência o governo federal pode ter, mas não vejo muita relação”, considera o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), pré-candidato à prefeitura de Lajes, município de 160 mil habitantes, localizado a 223 km de Florianópolis.
Costuras delicadas
Integrante da ala oposicionista do PMDB, o deputado Raul Henry (PE), pré-candidato em Recife, acredita que o importante é priorizar na campanha a discussão local. Ao contrário dos colegas de partido que pretendem associar a candidatura ao presidente, Henry prefere colar sua imagem em outro líder político.
“Sou PMDB, mas não votei em Lula nem sou da base governista”, declara. Segundo o deputado, apesar da popularidade de Lula, sua aposta é no eleitorado do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), um dos principais críticos do petista. “Não podemos desprezar esses eleitores”, afirma.
O pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte Leonardo Quintão (PMDB-MG) diz que ser governista favorece, mas não é decisivo. “Ajuda ser da base aliada, mas independente de partido, o candidato deve ter boa proposta e aceitação no município. Se não tiver, não é eleito”, afirma Quintão.
O cientista político Carlos Luiz Strapazzon concorda com o peemedebista mineiro. Segundo ele, é possível, por exemplo, o governo federal utilizar a máquina pública para firmar convênios convenientes e finalizar obras públicas estratégicas no município onde lhe convém.
“Controlar a máquina do governo é sempre um trunfo em período eleitoral. E é possível fazer isso sem máculas de ilegalidade, mesmo com desvio de interesse público”, constata.
Dilma em campanha
Se o presidente Lula subirá no palanque para defender candidaturas, isso ninguém sabe. O certo é que seu braço direito, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, já entrou em ação na defesa de candidaturas petistas. Na semana passada, em comício em Porto Alegre (RS), Dilma pediu votos para a candidata Maria do Rosário, que concorre à prefeitura da capital gaúcha pelo PT.
Mesmo com a “mãe do PAC” como madrinha, Maria do Rosário insiste que o mais importante para emplacar uma candidatura é desenvolver um bom plano de ações.
Segundo a deputada, o PT tem tradição no Rio Grande do Sul, o que abre caminho para um resultado positivo nessas eleições. “A população brasileira, pelo menos o eleitorado em Porto Alegre, não toleraria a utilização dos poderes do governo para as campanhas locais. Isso não pegaria bem”, afirma. “Mas é certo que um governo aliado ajuda a pulverizar as demais candidaturas de partidos aliados”, admite.
Se “não pega bem”, uma mãozinha da ministra pode, no mínimo, embaralhar a disputa. Ao pedir ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, apoio do PR para a candidatura de Rosário, Dilma irritou os defensores da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), que articulava uma aliança com o Partido da República na capital gaúcha.
Inimigos íntimos
A falta de uniformidade das alianças políticas pode colocar num mesmo palanque um deputado do PSDB e outro político do PT. Acostumado a fazer oposição ao governo Lula, o deputado Sebastião Madeira (MA) pode ter o apoio do PT na disputa à prefeitura de Imperatriz, município com 229.671 habitantes. As conversas estão em andamento.
“Eleição para prefeito é decisão local. Sou do PSDB e quem se identificar com minhas propostas vai votar em mim”, afirma o tucano, que prefere desconversar sobre a eventual aliança com os petistas maranhenses. Mas, de acordo com o líder do partido na Câmara, José Aníbal (SP), a negociação entre os dois partidos na segunda maior cidade do Maranhão está bem adiantada. “Política eleitoral municipal é quadro local”, resume Aníbal.
Na Bahia, por exemplo, antes mesmo de a disputa começar oficialmente, os peemedebistas já ameaçam se aliar com a oposição, em um eventual segundo turno, caso não recebam o apoio do PT para a reeleição do prefeito, João Henrique (PMDB).
Dois deputados do PT disputam internamente a vaga: Nelson Pellegrino e Walter Pinheiro. “Caso não entremos em consenso, faremos uma prévia no dia 18 de maio para definir o candidato”, afirma. Irritados com a insistência do PT, os peemedebistas já falam em apoiar o também deputado ACM Neto (DEM) caso o prefeito não chegue ao segundo turno. O PMDB alega que, em 2006, o apoio do partido foi decisivo para a eleição do governador petista Jaques Wagner.
Alheio à briga dos governistas, ACM Neto diz que os temas locais é que vão definir o pleito. “É difícil fazer um prognóstico. Ainda estamos longe das eleições”, afirma. Para ele, o apoio do presidente Lula não terá qualquer peso na disputa municipal. “Se eu for eleito e precisar dialogar com o governo Lula, vou dialogar. Mas o apoio eleitoral do PT, claro que não tenho.”
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