O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), declarou há pouco ao
Congresso em Foco considerar boa a idéia da deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) em tentar a instalação da “
CPI da Questão Fundiária na Amazônia”, mas que um ano de eleições municipais não é o momento adequado para a criação de mais uma CPI. São quatro com a participação dos deputados: três simples e uma mista.
“A idéia é boa. O ano é que é ruim. Estamos entrando no período das convenções, daqui a pouco vem o recesso legislativo, campanha eleitoral em seguida, eleição...”, enumerou o senador tucano, sugerindo que a criação da CPI seja adiada. “Como a presa não vai fugir, talvez seja algo bom para se fazer após as eleições. O importante é que a gente tire a limpo o que já se fez de errado na concessão excessiva de terras a estrangeiros”, completou, referindo-se ao caráter perene das discussões sobre a região amazônica e defendendo mais rigor no tratamento dado aos compradores estrangeiros.
Entretanto, Virgílio destacou que não se “furtará” a apoiar a iniciativa da deputada. Para legitimá-la, Grazziotin alega que, além servir para a elaboração de um “minucioso” levantamento sobre a situação das terras amazônicas, o colegiado teria como objetivo a formulação de uma proposta de legislação que trace normas para a questão fundiária naquela região.
Virgílio lembrou da “providência” que tomou em relação ao assunto, “no mesmo sentido” que o de uma eventual CPI, mas com objetivos a serem alcançados “mais no curto prazo”.
“Propus a convocação do diretor-geral da Abin [Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Fernando Lacerda] e o convite ao sueco-britânico Johan Eliasch [consultor para assuntos ambientais do primeiro-ministro britânico Gordon Brown e fundador da ONG Cool Earth]”, afirmou o tucano, destacando que queria ouvir “tudo” do diretor-geral sobre as denúncias de loteamento irregular da Amazônia, com sessão secreta, caso ele prefira, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, em conjunto com a subcomissão da Amazônia.
De acordo com a Abin, Eliasch tem dito que toda a Amazônia pode ser obtida, segundo seus cálculos, a R$ 52 bilhões. As declarações do sueco revoltaram diversos setores da sociedade, como políticos e ambientalistas. Segundo a agência, Eliasch também está envolvido em venda irregular de trechos da Floresta Amazônica, bem como no desvirtuamento de projetos ditos ambientais de sua ONG na região. Virgílio disse ainda que o convite a Eliasch serviria para os senadores “olharem nos olhos do sueco-britânico”. “O caso é muito grave, estou com isso na cabeça desde 2004.”
Desmatamento gigante
Hoje (02), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) constatou que o desmatamento da Floresta Amazônica no mês de abril foi equivalente à área da cidade do Rio de Janeiro.
Segundo o relatório divulgado nesta tarde pelo instituto, foram 1.123 Km² de área desmatada, muito maior do que o que foi registrado no mês anterior: 145 Km². Os estados campeões do desmatamento, de acordo com o INPE, foram Mato Grosso (794,1 km2) e Roraima (284,8 km2).
O relatório do INPE faz uma ressalva: entre outros fatores, o aumento no registro de desmatamento se deu em razão das melhores condições de observação do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que opera desde 2004 esse tipo de medição. Em março, 78% da região estavam encoberto por nuvens – o que dificultaria o trabalho –, contra 53% em abril. O Deter registra apenas extensões de desmatamento superiores a 25 hectares, devido à resolução dos sensores especiais.
(Fábio Góis)