Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), reforça o pedido de desculpas ao autônomo Kaiser Paiva Celestino da Silva, expulso por ele aos gritos da inauguração de uma unidade de atendimento médico, na zona oeste da capital, na última segunda-feira (5).
O prefeito estendeu sua retratação pública aos paulistanos e aos brasileiros por ter chamado o trabalhador de “vagabundo” porque ele protestava contra a Lei Cidade Limpa, que prevê a retirada de outdoors da cidade.
“Não vou tergiversar, não uso meias-palavras. Errei, me excedi. Perdi a cabeça. Não tenho sangue de barata e reajo, às vezes, como muitos reagiriam. Não tinha o direito de perder a calma, e perdi. Foi um acidente. Mas nada o justifica. Mostrei-me como não sou”, escreveu o pefelista no artigo intitulado “Imagens e palavras: a arte da política”.
Kassab disse sofrer com a pressão do cargo, mas que isso não justifica a sua atitude. “O prefeito de São Paulo vive sob a pressão das demandas de uma metrópole gigantesca, mas necessitada; milionária, mas miserável; pujante, mas carente”, afirmou. “Como prefeito, tirarei do episódio uma lição que, tenham certeza, me ajudará a melhorar nossa cidade e a vida dos cidadãos”, emendou.
Apesar das declarações de arrependimento, o prefeito não tem escapado de manifestações populares. Ontem (10), durante as comemorações do Ano Novo chinês no bairro da Liberdade, Kassab foi vaiado ao ser anunciado no evento.
Antes de admitir o erro, o prefeito ameaçou processar Kaiser, alegando que o manifestante perturbara a ordem pública numa unidade de saúde. “No dia seguinte, pedi desculpas. Não tenho problemas em reconhecer um erro. Faço-o novamente agora, por escrito. Peço desculpas ao senhor Kaiser, à cidade e aos brasileiros. Faço-o de coração aberto”, ressaltou no artigo.
Ainda bastante abalado pelo gesto intempestivo do prefeito, Kaiser já declarou à imprensa que aceita o pedido de desculpas de Kassab.