O doleiro Richard A. de Mol Van Otterloo declarou ao Ministério Público que pagou R$ 300 mil para o deputado federal José Mentor (PT-SP) retirar seu nome do relatório final da CPI do Banestado. De acordo com Van Otterloo, a orientação para que efetuasse o pagamento partiu de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. A CPI do Banestado apurou o envio ilegal de dinheiro para o exterior e acabou em 2005 sem conclusões.
Em depoimento ao Ministério Público no dia 04 de abril, Otterloo disse que Flávio Maluf estava preocupado com um possível efeito cascata caso o nome do doleiro fosse citado, por isso teria indicado o pagamento de R$ 300 mil. "Se isso ocorresse automaticamente chegariam à conta Jazz [controlada pelo doleiro], depois à conta Chanani [atribuída a Maluf] e, finalmente, ao nome do ex-prefeito", afirmou.
Otterloo também declarou ao promotor Sílvio Marques e ao procurador Rodrigo de Grandis, que investigam as contas bancárias atribuídas aos Maluf no exterior, que ele e o sócio, Raul Henrique Srour, procuraram um intermediário do deputado e pagaram o valor. Informou ainda que fez diversas operações de remessa ilegal de dinheiro para o exterior a pedido do também doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi - que declarou na Justiça ter trabalhado para os Maluf nos EUA. Otterloo disse que trouxe pelo menos US$ 30 milhões dos Maluf de volta para o Brasil.
Condenado a seis anos de prisão, Otterloo obteve um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e responde à ação em liberdade. Como o doleiro procurou o Ministério Público de forma espontânea é considerado um "colaborador" e deverá ser beneficiado pela delação premiada.
O assessor de Paulo Maluf, Adilson Laranjeira, respondeu as acusações do doleiro. Disse que Flávio Maluf nunca teve contato com Otterloo. "Nem Flávio nem qualquer outra pessoa da família jamais tiveram contato com este doleiro, que é um mentiroso. Também não tiveram contato com qualquer banco envolvido na CPI do Banestado."