A suspeita de que parlamentares teriam viajado em jatinhos da Brasil Telecom (BrT), apontada como uma das fontes privadas do valerioduto pela CPI dos Correios, começa a ser comprovada. Documentos, que fazem parte de uma ação judicial de Minas Gerias, revelam que 29% das 5.403 viagens feitas no Brasil foram realizadas para cidades fora da área de atuação da empresa. Só para o Piauí, terra do senador Heráclito Fortes (PFL), foram 58 entre dezembro de 1998 e agosto de 2005.
Os vôos são referentes ao período em que a Brasil Telecom era comandada pelo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. Durante os trabalhos da CPI dos Correios, a ala governista vivia acusando o senador Heráclito Fortes de ser amigo de Dantas e de agir como um defensor dele. "Grande parte dos vôos nacionais realizados pelo Opportunity foi para a Bahia, estado natal de Daniel Dantas, e Piauí, de onde é o senador Heráclito Fortes", afirma um trecho da auditoria.
A nova direção da empresa, comandada pelos fundos de pensão que disputam com o Opportunity o controle da empresa, informou que o uso dos três aviões da companhia, dois jatos Citation e um turboélice King Air, deu um prejuízo de R$ 66 milhões à Brasil Telecom.O senador Heráclito Fortes reconhece que usou os aviões da empresa, mas não nas 58 viagens ao seu estado.
Das 58 viagens, 39 foram para Teresina e outras 19 para municípios do interior. Heráclito afirma que pode ter participado de no máximo 10% dessas viagens e que sua atuação no Senado nunca foi pautada para favorecer Daniel Dantas ou ao Opportunity.
"Não tem qualquer ilegalidade nisso. Nem a Brasil Telecom nem o Opportunity têm negócios no Paiuí e não há órgão ao qual eu tenha ido em Brasília para defender interesses do Opportunity, afirmou Fortes. De acordo com o pefelista, ele está sendo citado no documento por ter feito acusações à Previ e aos fundos de pensão que hoje controlam a Brasil Telecom durante a CPI dos Correios.