O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac), Siderlei Silva de Oliveira, afirmou hoje que 15 mil trabalhadores do setor já foram demitidos em decorrência da paralisação temporária da produção de frangos determinada pelos empresários. Durante audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, que discutiu questões ligadas à gripe aviária, Siderlei disse que, além dos demitidos, mais 25 mil empregados foram colocados em férias coletivas.
Segundo Siderlei, a drástica medida adotada pelas empresas do setor impediu a queda, ainda mais forte, do preço do frango no mercado interno. Na audiência, realizada esta manhã, Siderlei avaliou que os empresários do setor passam todo o ônus da crise para os trabalhadores e pedem compensações ao governo.
"Os empresários paralisaram a produção para manter o preço do mercado interno aquecido e querem benefícios do governo, mas nós defendemos que esses benefícios sejam casados com a garantia de não demissão", declarou Siderlei.
Para o consultor do Senado José Pinto, a crise do setor justificaria uma legislação provisória para flexibilizar o acesso dos trabalhadores do setor ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS), Paulo Pimentel, manifestou a preocupação da entidade com o impacto que um possível surto da gripe aviária sobre os trabalhadores da área e defendeu a mobilização da categoria para se antecipar aos fatos.
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) disse ter ficado "estarrecido" com as informações trazidas à audiência pelos sindicalistas sobre a crise, em que as estratégias defensivas adotadas pelas empresas atingem duramente os trabalhadores, com crescente desemprego.