O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo que cassou o ex-deputado José Dirceu (PT-SP), oficializou hoje sua saída do Conselho de Ética. A atitude é um protesto ao festival de absolvições, em plenário, de deputados apontados como beneficiários do mensalão. O último a escapar da forca foi João Paulo Cunha (PT-SP), acusado de retirar R$ 50 mil das contas do empresário Marcos Valério.
"Na segunda-feira, cumpro a burocracia e formalizo a minha renúncia. Mas já não integro mais o Conselho", afirmou Delgado, por meio de sua assessoria. O deputado Orlando Fantazzini (Psol-SP) também aderiu ao protesto e informou hoje pela manhã à Mesa Diretora seu desligamento oficial do órgão.
Outros quatro deputados prometem deixar o Conselho até o fim da semana que vem:
Chico Alencar (PSOL-RJ), Cezar Schirmer (PMDB-RS),
Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Benedito de Lira (PP-AL). Eles reclamam que, apesar dos esforços para reunir provas e apresentar relatórios contundentes, o Plenário ignora o trabalho da comissão e vota de acordo com interesses partidários.
Desde o início da crise, 11 deputados já foram julgados em plenário. O saldo não é nada animador: quatro foram condenados e sete escaparam da degola. Destes, apenas um recebeu parecer do Conselho pela absolvição.
A votação que livrou João Paulo da cassação, na última quarta-feira, foi a gota d'água para a crise no Conselho. O relatório, do deputado Cezar Schirmer, foi considerado um dos mais consistentes já feitos no órgão. Por ironia, recebeu o maior número de votos contrários: 256.
No dia seguinte, nove parlamentares anunciaram renúncia coletiva. O presidente da comissão, Ricardo Izar (PTB-SP), fez um apelo para que eles permanecessem pelo menos até a conclusão dos outros quatro processos que restam. O pedido surtiu efeito temporário, mas os rebeldes prometem não resistir a outra derrota em plenário.