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Ministro novo, política velha

Congresso em Foco

27/3/2006 | Atualizado 28/3/2006 às 10:08

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Diego Moraes e Tarciso Nascimento

A demissão de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda abalou alicerces políticos do governo Lula, mas não causará solavancos no mercado financeiro, segundo especialistas ouvidos pelo Congresso em Foco. A expectativa é que os investidores reajam com cautela até o novo ministro, Guido Mantega, se habituar ao cargo. A tendência de manutenção da política econômica, porém, deve tranqüilizar as bolsas de valores.

Mais que a demissão de Palocci, o que pode provocar alguma instabilidade no mercado hoje é a saída do  secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, que anunciou seu afastamento logo após o primeiro pronunciamento do novo ministro. Considerado o mais ortodoxo integrante da equipe de Palocci, Portugal era o preferido dos agentes financeiros nacionais e internacionais para assumir a pasta. O temor, entre os analistas, é de que outras figuras importantes do grupo que comandou a economia do país nos últimos anos, como o secretário de Política Econômica, Bernard Appy, e o do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, também deixem o governo.

De qualquer maneira, não se esperam maiores novidades na economia. O impacto político da mudança é que é a grande incógnita no momento. Na semana passada, quando se acentuaram os rumores sobre a demissão do ex-ministro, o deputado Delfim Netto (PMDB-SP) chegou a dizer que se Lula afastasse Palocci, passaria a sofrer críticas diretas de seus opositores. "Se Lula ceder e demitir o ministro Antonio Palocci, será o próximo alvo", afirmou. Ou seja: seria afastado o último "escudo" protetor de Lula. 

E Palocci caiu, repetindo a derrocada de José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), reduzindo a apenas um sobrevivente - o discreto Luiz Dulci (secretário-geral da Presidência) - aquele que era chamado inicialmente de "núcleo duro do governo". Sem três dos quatro auxiliares que dividiam com ele a responsabilidade pelas principais decisões do Planalto, Lula corre o risco de se tornar a próxima peça desse dominó político. Apesar disso, nem o mais otimista dos oposicionistas é capaz de decretar a morte política de um presidente que conseguiu manter sua popularidade em alta em meio a um bombardeio de denúncias contra o seu governo. 

Sem sobressaltos

A demissão de Palocci foi anunciada por volta das 17h20 de ontem, pouco antes do fechamento do mercado financeiro. As bolsas passaram o dia em queda e sob tensão, à espera de uma decisão do Palácio do Planalto. Quando a confirmação da saída do ministro se tornou apenas uma questão de tempo, com a revelação dos depoimentos prestados por funcionários da Caixa Econômica Federal à Polícia Federal, os negócios voltaram a se movimentar. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta de 0,17%.

O dólar também oscilou desde a manhã de ontem, mais por conta da reunião do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, do que pelo suspense em torno da saída do ministro. O valor da moeda norte-americana chegou subir 2,15%, mas o dólar fechou o dia em ligeira alta de 0,79% - antes do anúncio oficial da demissão -, cotada em R$ 2,171.

O cenário, segundo analistas, pode ser entendido como uma forma de o mercado financeiro sinalizar que crê na manutenção da política econômica mesmo sem Palocci no cargo. "O problema do Palocci é pessoal. Com a economia não acontece nada", pensa o economista Décio Pizzato.

O presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), Edmilson Loureiro de Lira, prevê pequenas oscilações no comportamento das bolsas e no preço do dólar durante a fase de transição entre os ministros.

Ele reforça, porém, que o governo não deve apelar para mudanças radicais na política econômica, como queda brusca de juros ou aumento da meta de inflação na reta final do mandato de Lula. "Há pouco espaço para mudar o que aí está. O ministro que entrar agora vai estar sujeito a uma política que é a do governo e não a do Palocci", disse Edmilson ao Congresso em Foco.

Quanto à flexibilidade do novo ministro para liberar verbas durante o ano eleitoral, ele ressaltou que até mesmo Palocci estaria sujeito a pressões, se tivesse continuado no cargo, para abrir o cofre no ano em que Lula tentará se reeleger. "Em época de eleição, isso aconteceria mesmo com o Palocci. O que não pode é liberar de uma vez", pondera o presidente da Abamec.

Lula, o fiador

O próprio Guido Mantega, ontem à noite, minimizou o impacto econômico da transição. "A política econômica não mudará porque a política econômica não é a do Palocci. O presidente Lula é o fiador dessa política econômica. E ela não deve mudar porque é a mais bem-sucedida dos últimos 15, 20 anos", disse o ministro à imprensa.

Palocci, na verdade, resistiu por um bom tempo. Deflagrada a crise política entre maio e junho do ano passado, conseguiu blindar a economia e também sua própria imagem mesmo debaixo de 50 horas de sabatina no Congresso - inclusive na CPI dos Bingos. Tombou quando o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, o responsabilizou pelo vazamento dos dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

A oposição, antes defensora da permanência do ministro apesar da crise, pressionou pela saída de Palocci. A ofensiva oposicionista ganhou força, segundo parlamentares da base aliada, com a proximidade das eleições.

Não pode é mexer no BC

Décio Pizzato ressaltou que a mudança na Fazenda não deve interferir na equipe econômica, o que reforça uma tendência de manutenção. Ele explicou que uma reação negativa maior poderia ocorrer caso o demitido fosse o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

"O Palocci foi um dos primeiros indicados por Lula, mas os mercados só acalmaram quando anunciaram um banqueiro no Banco Central. Uma mudança no BC poderia ser interpretada como mudança na política monetária. Aí os mercados poderiam ficar agitados", disse.

Para o economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), o mercado tem demonstrado pouca preocupação com guinadas na política econômica desde o início da crise política. Segundo ele, os investidores conseguiram separar o cenário político do quadro econômico. "Quando o Palocci era convocado a depor, o efeito era paradoxal, as bolsas operavam em alta", lembra ele.

Piscitelli reforça que a conjuntura econômica do país dá pouca margem para mudanças na política monetária, que não dependia exclusivamente do aval de Palocci para continuar como está. "Não importa quem venha a ser o ministro, ela deve continuar assim: determinista, ortodoxa e previsível", acredita o professor.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que espera a manutenção da política econômica mesmo com a mudança no ministério. "A economia, como já vem acontecendo, não deverá ser abalada. Devemos estar acima de nomes, preocupados em buscar as soluções mais adequadas para os problemas do país", declarou.

Fogo amigo

Desde setembro o mais forte ministro de Lula virou alvo de críticas diretas da ministra Dilma Rousseff, que substituiu José Dirceu na Casa Civil. O fogo amigo foi acentuado com declarações do vice-presidente José Alencar, sempre contrárias à manutenção da taxa de juros nas alturas. Os embates minaram parte da resistência de Palocci, que precisou esperar vários dias para ouvir do presidente que "a política econômica do Palocci é a do governo".

Apesar da divergência entre os integrantes do Executivo, o ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo disse que Lula deve garantir a continuidade da política econômica mesmo com a saída de Palocci. "Tivemos uma reafirmação dessa política econômica pelo presidente. A briga com a Dilma, na época, foi mais por uma questão de poder", afirmou.

Figueiredo reforçou a idéia de que reavaliar metas de inflação, superávit e taxa de juros, para tentar agradar setores menos satisfeitos com a rigidez da política encampada por Palocci, está longe dos planos de Lula. "A única coisa que esse governo não quer daqui para as eleições é marola no lado econômico. Duvido que o novo ministro mude algo", reforçou.

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