O sub-relator de fundos de pensão da CPI dos Correios, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), disse nesta segunda-feira que a comissão já pode comprovar o relacionamento entre o ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno e corretoras de valores beneficiadas pelos prejuízos dos fundos de pensão em investimentos.
Segundo o parlamentar, as investigações demonstram também que o ex-assessor influenciava diretamente na indicação dos diretores dos fundos. Na tentativa de confirmar suas desconfianças, ACM tentará buscar apoio, na sessão administrativa de amanhã, para aprovar a convocação de Sereno.
A CPI suspeita que recursos dos fundos de pensão possam ter alimentado o valerioduto que financiou o caixa dois do PT repartido entre partidos da base aliada. Os parlamentares identificaram grande volume de investimentos dos fundos nos bancos Rural e BMG, de onde o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza teria sacado recursos para repassar ao PT, sob o rótulo de empréstimos.
Hoje, a comissão ouviu Murilo de Almeida Rego e sua mulher, Rogéria Costa Beber, que teriam se beneficiado de recursos dos fundo de pensão Nucleos, dos funcionários da área nuclear. Eles confirmaram ter relações próximas com Sereno, que era o secretário de Comunicação do PT durante a campanha presidencial de 2002 e depois assessorou o ex-ministro José Dirceu na Casa Civil.
Murilo disse ser amigo pessoal do petista. "Desde o tempo que ele era da CUT", afirmou. Porém, negou ter feito qualquer investimento em fundos de pensão sob a orientação do amigo. "Não comprei nem vendi para fundo de pensão. Apenas ganhei dinheiro em fundos de investimento em que os fundos de pensão operaram", defendeu-se.
Mas, na visão do sub-relator, há indícios suficientes de irregularidades e operações direcionadas. O fundo acumulou um prejuízo de R$ 8 milhões em 2004, com transações feitas de forma irregular. A Euro, corretora responsável pelos investimentos do Nucleos, comprava títulos do Tesouro Nacional a preços baixos e vendia por valores mais altos ao fundo.
O irmão de Murilo, Christian Almeida Rego, também se beneficiou das perdas de fundos. A prima de Christian, Fabiana Carnaval, ex-gerente do Nucleos, é outra investigada pela CPI e apontada como uma das responsáveis pelos prejuízos do fundo de pensão.
Tanto Murilo quanto Rogéria trabalharam em gabinetes de políticos. Ele, como assessor parlamentar de Lindberg Faria (PT), atual prefeito de Nova Iguaçu (RJ). Rogéria foi assessora do vereador do Rio de Janeiro Fernando Gusmão (PCdoB). Este último recebeu uma doação eleitoral R$ 20 mil de Rogéria.