O PDT decidiu ontem à noite lançar o senador Cristovam Buarque (DF) candidato à Presidência da República pela legenda. Os delegados que apóiam a candidatura própria somaram 236 votos, contra 97 contrários e 68 ausências. A convenção foi realizada na sede do partido no Rio de Janeiro.
Com a decisão, Cristovam se lança praticamente solitário na briga pelo Planalto, já que o PPS deve aliar-se ao candidato tucano Geraldo Alckmin. Sem alianças formais em âmbito nacional, o PDT só poderá se aliar nos estados com partidos que não tiverem candidato à presidência, como o PMDB, o PP e o PTB, por conta da verticalização.
O clima ficou tenso durante a convenção e o auditório ficou pequeno para os pedetistas. O resultado da convenção apontou uma divisão interna dentro do partido. Os favoráveis à chapa própria defendem que a candidatura de Cristovam vai impulsionar o crescimento da sigla em estados pouco tradicionais aos pedetistas.
Já os delegados contrários à candidatura sustentam que, com as restrições da verticalização, o partido vai para as eleições enfraquecido por conta das alianças regionais e pode ter dificuldades para superar a cláusula de barreira. Para alcançar a cláusula de desempenho, o partido deverá atender a dois requisitos: ter 5% dos votos válidos de todo o país, excluídos os brancos e nulos, e alcançar pelo menos 2% dos votos do eleitorado de nove estados. Só assim, a legenda terá direito a funcionamento parlamentar e acesso às verbas públicas do fundo partidário.
O presidente do PDT no Rio Grande do Sul, o ex-deputado Matheus Schimit, contrário à candidatura, acusou o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, de manipular a convenção para lançar Cristovam.
O senador pedetista deve ser lançado oficialmente no fim do mês. Durante a campanha, ele terá direito a três minutos no rádio e na tevê para sua propaganda eleitoral a partir de agosto. A campanha do parlamentar tende a ser penosa, já que as campanhas de opinião recentes o apontam com menos de 2% das intenções de voto do eleitorado.
Ex-governador do Distrito Federal entre 1994 e 1998, Cristovam foi eleito senador em 2002 pelo PT. Ajudou na campanha presidencial vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva e no primeiro ano de governo petista chefiou o Ministério da Educação. Ferrenho defensor da fidelidade partidária, mas sufocado por divergências internas, deixou o PT no início do ano e filiou-se ao PDT.