O presidente e o relator da CPI dos Bingos, senadores Efraim Morais (PFL-PB) e Garibaldi Alves (PMDB-RN), se reúnem hoje para definir os novos depoimentos que a comissão vai tomar. É possível que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares seja ouvido para relatar o diálogo que teve com o empresário Carlos Rodenburg, ex-diretor do Banco Opportunity. Segundo o banqueiro Daniel Dantas, dono da instituição, Delúbio pediu a Carlos US$ 50 milhões para "ajudar" o partido.
Dantas disse ao colunista Diogo Mainardi, da revista Veja, que "o que houve foi uma sugestão de que, se déssemos uma quantia expressiva ao partido, eles poderiam nos ajudar a resolver as dificuldades que estávamos tendo com o governo". As "dificuldades" são uma referência à pressão feita pelo Opportunity para permanecer no controle da Brasil Telecom contra a vontade dos sócios majoritários, grandes fundos de pensão e o Citibank.
O requerimento para convocar Delúbio foi aprovado semanas atrás, antes da divulgação da denúncia feita por Dantas. O empresário desautoriza a versão encampada pela revista em outra matéria da mesma edição. Ela envolve o proprietário do Opportunity na realização de investigação no exterior que, segundo Veja, detectou contas bancárias do presidente Lula e de outros próceres petistas em paraísos fiscais.
Em matéria de Adriano Ceolin publicada nesta terça-feira pela Folha de S. Paulo, Efraim diz: "Ainda estamos sem agenda definida para esta quarta-feira. Por isso podemos convocar o Delúbio agora ou, mais tardar, na terça-feira que vem".
A convocação de Delúbio foi aprovada em 15 de março por outro motivo, seu relacionamento com o advogado Rogério Buratti, que é suspeito de intermediar negócios entre donos de casas de bingo e o governo Lula.
A CPI está dividida quanto à convocação de Daniel Dantas. Ela é defendida pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), mas não conta com o apoio de vários parlamentares da oposição, a começar pelo relator Garibaldi Alves.