Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, o estilista Rogério Figueiredo mudou ontem a versão sobre as peças que doou à ex-primeira-dama Lu Alckmin. Em março, Figueiredo disse à Folha de S. Paulo ter doado, entre 2001 e 2005, "mais de 400 peças" à mulher do pré-candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin. Nessa terça-feira, porém, ele afirmou à Promotoria da Cidadania de São Paulo, que investiga se Lu cometeu ato de improbidade administrativa, não saber precisar o número de peças doadas.
"Não houve uma quantificação. O Rogério (Figueiredo) é um criador, um artista, ele não sabe quantificar o número de peças. Nem 'cerca de'. Muito menos a regularidade", afirmou o advogado do estilista, Vinicius Abrão.
Ainda de acordo com o advogado, Figueiredo contou que deu os vestidos a Lu "por um período de dois anos", de "meados de 2001 a meados ou final de 2003" e que o seu cliente havia usado penas uma "força de expressão" ao mencionar a doação de 400 peças à ex-primeira-dama. "Foi usado isso como força de expressão. Porque, pelo que ele pôde esclarecer no depoimento dele, foram peças de prêt-à-porter e peças de alta-costura. E ele não soube quantificar o valor."
Segundo o advogado, ao presentear a então primeira-dama paulista, o estilista pretendia tão-somente ganhar espaço para a divulgação de seu trabalho. "Ele fez questão de deixar claro que fez as doações para a primeira-dama e que não tinha nenhum tipo de relação com o Fundo de Solidariedade (do Estado, então comandado por ela)."
No último dia 12, a assessoria de imprensa de Alckmin afirmou que a ex-primeira-dama recebeu e doou, a partir de 2004 e de forma anônima, 49 peças de roupas confeccionadas pelo estilista. Segundo o advogado de Figueiredo, o seu cliente só soube das doações de suas peças a entidades filantrópicas pela imprensa.