O líder do governo na Câmara, deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP), reagiu hoje com críticas e cobranças à denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontando a existência de uma organização criminosa que operou o chamado mensalão para garantir a manutenção do PT no poder.
Chinaglia acusou o Antonio Fernando de ter sido "mordido pela mosca azul" - expressão utilizada em relação a pessoas que passam a ambicionar o poder. Ele cobrou a investigação sobre o suposto superfaturamento na construção do prédio-sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília.
Em discurso no plenário da Câmara, pontuado por ironias, o líder do governo contestou também conclusões da CPI dos Correios.
"Usando a palavra da moda, causou-me estranheza que o procurador-geral da República chamasse o presidente da CPI dos Correios (senador Delcídio Amaral), bem como o seu relator (deputado Osmar Serraglio) e outros para anunciar à imprensa o seu trabalho. Penso que ali Sua Excelência talvez tenha sido mordido pela mesmíssima mosca azul de alguns que entram (na condição de) minhoca na CPI e imaginam saírem de lá como se fossem najas (espécie de cobra)", discursou Chinaglia.
Homem destemido
Ele ainda levantou suspeita sobre a conduta de Serraglio, acusando-o de ter excluído do seu relatório tudo que foi produzido na comissão sobre as franquias dos Correios. "O sub-relator (o petista José Eduardo Cardozo) pediu a quebra do sigilo de oito franquias, obteve de apenas duas e, dessas, descobriu que, num prazo de cinco anos, foram sacados R$ 8 milhões da boca do caixa. Por que o relator excluiu isso do seu parecer final?", questionou Chinaglia.
"Será que Sua Excelência (Serraglio) introjetou a denúncia da oposição de que o Correio era comandado pelo PMDB, e então ficou com medo? Sua Excelência é homem destemido", afirmou Chinaglia.
O líder do governo fez também elogios aos trechos em que a denúncia do Ministério Público envolve o PSDB no esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza e ao fato de Antonio Fernando ter deixado de fora do seu relatório o presidente Lula. Chinaglia ressaltou que o trabalho do procurador foi feito com independência.