O delegado seccional de Ribeirão Preto (SP), Benedito Valencise, afirmou há pouco, em depoimento à CPI dos Bingos, que há elementos mais que suficientes para se determinar o indiciamento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por envolvimento em fraudes encontradas no sistema de limpeza pública de Ribeirão Preto (SP). "Com as provas que eu tenho, eu o indiciaria", disse.
Na avaliação do delegado, Palocci e o seu sucessor na prefeitura, Gilberto Magioni, devem ser responsabilizados por uma série de irregularidades que teriam causado prejuízo mensal de R$ 400 mil à administração local.
"É evidente a participação do primeiro e segundo prefeitos (Palocci e Maggioni nas fraudes). Tendo em vista que trata-se de um esquema muito grande, não é possível que tenha ocorrido com a participação apenas de funcionários subalternos", afirmou o delegado.
Palocci, no entanto, tem foro privilegiado e não pode ser indiciado pela polícia ou pela Justiça local. A participação dele deve ser relatada pela Justiça local ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Valencise reforçou as suspeitas levantadas pela CPI de que haveria deliberadamente erros na medição do lixo na cidade em benefício da empresa Leão&Leão. "Segundo consta, a ordem vinha do prefeito e era um acordo feito entre ele e o proprietário da empresa. Em seguida, esta ordem era repassada pelo prefeito a Isabel Bordini [ex-superintendente do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto], que a cumpria", disse o delegado.
"A Leão&Leão recebia pelo superfaturamento e, em seguida, devolvia uma parte que, segundo consta, ia para o prefeito e para Ralf Barquete (ex-assessor de Palocci, morto em 2004) e ele daria uma destinação. E reservaria um dinheiro para os prefeitos utilizarem em campanhas políticas. Esse dinheiro era retirado com a utilização de notas fiscais frias", reiterou.
Segundo o delegado, os donos da Leão&Leão e Isabel Bordini são apontados no inquérito como co-autores nos crimes de falsidade ideológica e peculato. Por enquanto, o ex-secretário de governo Donizeti Rosa e o ex-chefe de gabinete de Palocci Juscelino Dourado não serão indiciados, de acordo com Valencise, por não haver provas suficientes contra eles
O delegado disse que Isabel ainda não foi ouvida porque está morando em Brasília. Ela ocupa um cargo de confiança na Companhia de Saneamento Ambiental de Brasília (Caesb), do governo do Distrito Federal.
Os senadores Tião Viana (PT-AC) e Eduardo Suplicy (PT-SP) acusaram o delegado de ser alvo de denúncias de tortura em depoimentos em Ribeirão. Tião disse, inclusive, que vai pedir à Comissão de Direitos Humano da Câmara para investigar as denúncias contra Valencise.