O prefeito do Rio, César Maia (PFL), em comentário no boletim eletrônico que distribui diariamente a assinantes, minimiza a vantagem alcançada pelo presidente Lula na pesquisa CNT/Sensus.
Sem citar diretamente o levantamento - que mostrou Lula dez pontos percentuais à frente do prefeito paulistano José Serra (PSDB), na consulta de intenções de voto para um eventual segundo turno -, César Maia alinhou diversos argumentos que recomendam cautela na leitura dos seus resultados. Ele descreveu a experiência eleitoral recente do Canadá para demonstrar como, a seu ver, "o castigo nas urnas é inevitável" meses depois de um escândalo.
Eis as suas considerações:
"1. De dezembro de um ano a fevereiro do ano seguinte, sempre as avaliações dos governos melhoram. Numa série de dez anos, excluindo anos em que nesse período ocorreu um fato relevante, pode-se observar que é sempre assim. Por quê? Porque é mês de Natal, e a mídia suaviza e tudo fica mais rosa, e se recebem presentes e afetos. O bolso melhora com o décimo terceiro. O revéillon produz magicamente uma sensação de começar de novo. Vêm as férias de janeiro. Vem o Carnaval. É sempre assim, todo ano. Cheque com Lula em 2004 e com FHC em 2000.
2. Nenhum governo sobrevive a um escândalo substantivo e continuado. Depois do período de noticiário concentrado, a imprensa varia, e a avaliação do governo melhora. Mas na campanha volta tudo em cima - imagens & imagens.
3. Quando o escândalo ocorre muito em cima da eleição, não dá tempo para decantar. Mas, meses depois, o castigo nas urnas é inevitável. O tempo se encarrega de informar.
4. Dois meses antes das eleições no Canadá em junho de 2004 - escândalo com agência de publicidade, por coincidência -, os liberais voltaram a ganhar as eleições, mas haviam perdido 42 cadeiras. A diferença entre liberais e conservadores foi de uns três pontos.
5. O noticiário sobre o escândalo foi arrefecendo. Em novembro, os liberais já tinham uma vantagem de mais de 10 pontos segundo todos os institutos. No início de 2005 - fevereiro -, a vantagem abriu: quase 15 pontos.
6. Em novembro de 2005, com dez pontos na frente, os liberais chamaram eleições para janeiro de 2006. Queriam pegar a onda boa do fim/início de ano. A 15 dias das eleições tudo mudou. Os conservadores avançaram, ultrapassaram e fecharam as eleições com dez pontos na frente."