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Congresso em Foco
7/2/2019 | Atualizado 13/2/2019 às 23:40
Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), destruído pela lama da mineradora Samarco. "Desastres de mineração têm uma capacidade extraordinária de destruição da vida", diz colunista - Foco: Antonio Cruz / Agência Brasil[/caption]
Outra atividade danosa é o uso da energia nuclear para fins de produção de energia elétrica, de força motriz de submarinos, e de uso bélico. Principalmente pelo fato de que não precisamos dessa fonte de energia para garantir a segurança energética, e nem para o desenvolvimento sustentável que tanto almejamos.
Essa comparação hoje é necessária diante da discussão do uso da energia nuclear no Brasil. E diante de seu potencial destrutivo com a liberação de resíduos radioativos. Os pronunciamentos e ações dos responsáveis pela politica energética, tanto o presidente da República quanto o seu ministro de Minas e Energia, são, no mínimo, preocupantes. Estas autoridades têm declarado que o país não pode prescindir da nucleoeletricidade para diversificar sua matriz energética, e garantir energia elétrica ao país; e que a construção e a ampliação do parque de usinas nucleares será prioritário no atual governo.
Hoje duas usinas nucleares funcionam, ambas na praia de Itaorna, município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Uma terceira, também em Angra, contratada em 1983, parou as obras poucos anos depois, reiniciada em 2010, e novamente interrompida em 2016, por dificuldades financeiras e pela corrupção, Angra 3, é prometida para ter suas obras reiniciadas . Além do plano de construir entre quatro e oito novas usinas nucleares no país sendo (4 usinas no nordeste e 4 no sudeste), previstas no planejamento energético nacional para os próximos anos.
Movimentos sociais, cientistas, sindicatos, igrejas, personalidades públicas, especialistas têm denunciado os fatores de risco, e mesmo o perigo eminente que esta decisão significa, particularmente no caso das usinas nucleares do Nordeste, que seriam instaladas a beira do Rio São Francisco, que atende mais de 500 municípios nordestinos.
A definição do atual governo em relação a energia nuclear na verdade é motivada por interesses que não são explicitados claramente a sociedade. O que fica claro e cristalino, mostrado em distintos estudos, é que caso se amplie o uso da eletricidade nuclear as tarifas serão majoradas para todos os consumidores do país, para remunerar os custos astronômicos de tais empreendimentos. Além de aumentar a probabilidade de ocorrer tragédias catastróficas, devido à irresponsabilidade e à insanidade de alguns. Tal perigo tem levado vários países do mundo a rever seus planos de construção de novas usinas nucleares.
A lama assassina derramada pela Vale, e que ceifou a vida de mais de 300 pessoas, deve servir de exemplo para que a construção de novas usinas nucleares pelo poder público seja abandonada. Tem tudo a ver o sofrimento da população atingida pela Vale, com o que poderá acontecer em um futuro breve provocado pelas usinas nucleares, caso a sociedade brasileira não se rebele frente a decisões equivocadas, que representam riscos trazidos ao meio ambiente e a vida dos brasileiros pelo novo governo.
O Brasil, o Nordeste não precisa de usinas nucleares.
* Membro da Articulação Antinuclear Brasileira e professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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