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Direitos sociais
1/10/2025 11:00
Neste 1º de outubro, celebramos o Dia Nacional do Idoso, data que deve ir além das homenagens formais e servir como um momento de profunda reflexão sobre os desafios e as urgentes necessidades da população idosa no Distrito Federal.
Como parlamentar e Procurador Especial da Pessoa Idosa, vejo essa data como um chamado à ação, um alerta para a realidade muitas vezes invisibilizada de mais de 401,5 mil idosos que hoje residem em nossa capital federal, com projeções assustadoras de que esse grupo ultrapassará 40% da população total do DF até 2070. O envelhecimento é uma conquista social, mas a forma como estamos lidando com ele no DF ainda é marcada por negligências e omissões.
Estudos recentes revelam um cenário orçamentário preocupante. De 2019 a agosto de 2025, foram autorizados mais de R$ 24 milhões para políticas destinadas aos idosos. No entanto, a execução desses recursos é marcada por inconsistências e baixíssima eficácia. Em anos como 2021 e 2022, o percentual de execução orçamentária não atingiu sequer 7%, e desde 2021 nunca chegou a 30%. Isso significa que o planejamento existe no papel, mas a materialização dessas políticas na vida dos idosos é incipiente. É inaceitável que, diante de demandas tão urgentes, o poder público não consiga converter autorizações orçamentárias em serviços e benefícios concretos.
Esse descompasso se reflete de forma cruel no sistema de saúde. Em julho de 2025, cerca de 180 mil idosos aguardavam por uma consulta com especialista no SUS-DF, com um tempo médio de espera de quase dois anos. Para exames complementares, a situação é ainda pior: quase 200 mil idosos na fila, esperando em média 2,21 anos. Especialidades como Urologia chegam a ter uma espera superior a quatro anos. Essa demora não é apenas um número; representa o agravamento de doenças, a perda de autonomia e um sofrimento evitável para milhares de pessoas e suas famílias.
A violência contra a pessoa idosa é outra chaga que exige nossa imediata atenção. Os dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos mostram um crescimento alarmante de denúncias no DF, saltando de 1.739, em 2020, para 8.433, em 2024. Até setembro de 2025, já tínhamos 7.480 violações registradas, sendo as mulheres idosas as principais vítimas (63,7% dos casos). O mais cruel é que a maioria dessas agressões ocorre dentro de casa, praticada por familiares próximos, sob um manto de silêncio e medo. Combater essa realidade exige não só punição, mas uma rede robusta de apoio, acolhimento e informação.
As recomendações dos estudos recentes aos Direitos dos Idosos apontam caminhos claros: priorizar exames e cirurgias eletivas para idosos, reestruturar leitos de longa permanência, capacitar profissionais de saúde, especialmente geriatras - hoje temos um déficit de 89,1% frente ao recomendado pela OMS -, e ampliar programas de inclusão digital e social. Iniciativas como o Melhor Idade Conectada são louváveis, mas precisam ser expandidas para alcançar todos os cantos do DF.
Neste Dia Nacional do Idoso, nosso compromisso deve ser traduzir a indignação em ação legislativa e fiscalizatória. Vamos cobrar dos órgãos responsáveis a imediata redução das filas de espera, a ampla divulgação dos serviços existentes e a efetiva aplicação dos recursos orçamentários. A dignidade na velhice é um direito fundamental e um termômetro da civilidade de nossa sociedade. A luta pelos direitos dos idosos é a luta pelo futuro que todos almejamos viver. Não podemos e não vamos falhar.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].