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Marcus Pestana
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Diagnóstico
22/11/2025 8:00
O leitor mais exigente poderia perguntar: "O colunista enlouqueceu? O que uma coisa tem a ver com a outra? Não se misturam". Ledo engano. Os paralelos são maiores do que se possa imaginar. A medicina tem um caráter mais científico, dada a capacidade de testar em laboratório suas hipóteses. Para a economia, o campo de experimentação é a sociedade e a história.
Na economia há princípios gerais consolidados pelo acúmulo prático (tentativas e erros) e da análise histórica, mas como os agentes econômicos não têm existência estática, reagem mais e se adaptam às novas condições geradas por medidas governamentais ou pela própria evolução da realidade. Daí que cada medida de política econômica tenha que pensar nos "russos" e suas reações adaptativas, como questionou Garrincha ao seu técnico, que antecipou o gol que fatalmente sairia de suas instruções precisas.
Mas as relações entre economia e medicina aparecem na piada de péssimo gosto feita certa vez por um aluno meu: "Quer dizer que o médico mata no varejo e o economista no atacado?", sobre as vítimas de um plano econômico.
Entretanto, a primeira escola de economia política teve um médico francês como seu maior líder. Dr. François Quesnay foi a maior expressão dos fisiocratas que, no mundo pré-Revolução Industrial, geraram o pioneiro desenho sistêmico da economia. Tendo o setor agrícola como protagonista e o único gerador de riqueza (aqui a referência é ao comércio, já que a industrialização não tinha ainda expressão, muito menos o setor de serviços existia como conhecemos hoje), e a ordem natural como base, Quesnay em sua obra Tableau Economique, de 1758, faz paralelo entre o funcionamento da economia e o corpo humano, comparando a circulação de riquezas e mercadorias com a circulação do sangue. Acreditava que se houvesse, obedecendo a fisiocracia natural, a livre circulação dos fatores econômicos, sem obstruções artificiais (intervenção estatal), tudo iria bem. Por isso, foi questionado pelo Rei, que se queixava das dificuldades de suas funções, sem a concordância do médico e economista, sobre "o que faria se fosse Rei?". Quesnay cravou: "Nada!".
A economia brasileira está doente, mas o diagnóstico não é claro para a sociedade e suas lideranças. Não é ainda caso de hospitalização. O coração monetário bate bem, embora a inflação tenha escapulido um pouco de controle. Mas a válvula Banco Central está funcionando bem e corrigindo o sintoma. O sistema digestivo cambial não é motivo de preocupação principal. Temos boas reservas cambiais que formam um colchão vitamínico contra crises, a fisiologia da balança comercial e dos investimentos diretos continua ok. Mas é preciso check-up permanente para monitorar as transações correntes. Combater o colesterol da insegurança jurídica e do Custo Brasil é fundamental, mas estamos avançando.
O pulmão fiscal é que preocupa. Não é doença aguda como um enfarto, um AVC ou um politrauma que exija pronto-socorro e UTI. Trata-se de doença crônica, com a diabetes e a hipertensão, que vai minando as condições do paciente, no caso, a economia brasileira.
Podemos fazer um tratamento superficial e paliativo ou uma terapia profunda e estrutural. Se não cuidarmos desse mal não teremos inflação sob controle, juros baixos, crescimento acelerado e sustentado. A escolha é nossa!
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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