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Marcus Pestana
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Economia e inovação
1/11/2025 8:00
O incremento da produtividade no Brasil, nos últimos anos, tem sido muito baixo. Entre 2019 e 2024, o aumento médio da produtividade por hora trabalhada foi de apenas 0,28% ao ano. A produtividade do trabalhador brasileiro corresponde a do norte-americano.
A produtividade está essencialmente ligada a três fatores: qualidade do capital humano (educação de alto nível e qualificação profissional); poder de inovação científico-tecnológico; e, infraestrutura (economias externas com efeitos multiplicadores sobre a geração de renda e a competitividade da economia).
Teríamos algum traço genético que nos impede de alçar voos maiores na corrida pela inovação e ganhos relevantes de produtividade? Claro que não. Vejamos, através de 3 exemplos concretos, como o brasileiro sabe fazer.
Na década de 1940, o Marechal-do-Ar Casemiro Montenegro Filho sonhou a criação de um centro de pesquisas aeronáuticas. Resultou no nascimento do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos Campos (SP). Daí ramificaram o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). Na década de 1960, construímos o avião Bandeirantes e em 1969 nasceu a EMBRAER, que ao lado da Boeing e da Airbus, é uma das três maiores produtoras de aviões do mundo. Como conhecimento abre fronteiras, tivemos, entre outros frutos desse arranjo vitorioso, a urna eletrônica, o primeiro motor a álcool do mundo e tecnologia de telecomunicações de ponta.
 
 
Na década de 1970, o Brasil tinha o desafio da veloz urbanização impondo eficiência na produção de alimentos para a população. Em 1972, fundou-se a EMBRAPA. Protagonistas como o ministro Alysson Paolinelli e o presidente da empresa, Eliseu Alves, patrocinaram a formação em larga escala de pesquisadores no exterior, fortaleceram centros de ensino e pesquisa voltados para o agro, como a ESALQ e as Universidades Federais de Viçosa e Lavras e desencadearam o desafiador Projeto de Ocupação do Cerrado. Resultado, o agronegócio brasileiro dá show de produtividade, há anos ancora o PIB brasileiro e alavanca a nossa balança comercial.
Murillo de Albuquerque Regina era um pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) concluindo seu pós-doutorado em vitivinicultura na França. Numa aula de climatologia, o professor descreveu o terroir ideal para a produção de bons vinhos. Murillo, filho de Varginha, no centro da região cafeicultora do sul de Minas, pensou: "temos isso tudo, só há um problema: chove muito no verão, época da colheita tradicional da uva". Tecnologia é feita para resolver problemas. Murillo pesquisou pioneiramente como alterar o ciclo da videira. Plantou as primeiras mudas em Três Corações (2001) e introduziu em escala mundial uma inovação, o vinho de colheita de inverno. Não só inovou como empreendeu, fundando a Vinícola Estrada Real. Hoje excelentes vinhos são produzidos em Minas (Maria Maria Bárbara Eliodora, Casa Geraldo, Stella Valentino etc.), São Paulo (Guaspari, Davo) e Distrito Federal (Vinícola Brasília).
O brasileiro é mundialmente conhecido por sua criatividade e capacidade de inovação. Na arte, no futebol e em tantos outros campos. O desafio da inovação depende só de um empurrãozinho a partir de arranjos institucionais e padrões de financiamento adequados e eficazes.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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Política paulista
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Economia e inovação
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