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Pedro Valls Feu Rosa
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11/10/2016 | Atualizado 10/10/2021 às 16:40
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Eis que o observador Ignaz Semmelweis reparou que as pacientes de médicos que lavavam as mãos antes de tocá-las apresentavam taxas de sobrevivência maiores. Ele resolveu, então, fazer uma pesquisa a respeito - para concluir que uma medida de higiene tão simples reduzia o índice de mortalidade de mulheres em nada menos que 90%!
Entusiasmado com sua descoberta, ele decidiu torná-la pública. Foi o início do fim de sua carreira, e até de sua vida! A esmagadora maioria dos médicos da época ficou ofendida, pois eram todos cavalheiros - e, como tal, nas palavras do obstetra Charles Meigs, "tinham sempre as mãos limpas".
Discriminado e humilhado, Ignaz Semmelweis acabou deprimido e internado em um asilo de lunáticos - no qual morreria apenas 14 dias depois, aos 47 anos de idade, vítima das surras que levou dos guardas de lá.
O resto da história nós já conhecemos: hoje o simples ato de lavar as mãos já é rotina em qualquer hospital, e Ignaz Semmelweis passou a ser conhecido como o "salvador das mulheres", graças à sua descoberta.
Que tal pensarmos um pouco sobre este episódio? Para início de conversa, falamos de uma cidade que irradiava luz para todo o planeta. Tratamos de pessoas absolutamente esclarecidas e cultas - "cavalheiros", conforme anotado. Tudo gravitava em torno de números, de certeza matemática. E ainda assim o pobre Ignaz acabou preso e morto - por ter simplesmente expressado algo que ia contra as convicções da época. Agora tente imaginar, por um instante que seja, o quanto perdeu a humanidade com a morte prematura deste grande profissional.
A saga de Ignaz não acabou. Ela continua, ainda hoje. Está presente em cada semelhante nosso discriminado e amordaçado por conta da ditadura terrível do "politicamente correto", um código de conduta que nos vem imposto sabe-se lá de onde, ou a partir de quais interesses.
Em cada voz silenciada, em cada órgão de imprensa censurado, em cada autoridade amordaçada, lá está a sanha de tal ditadura, intimidando através da falsa legitimidade das supostas maiorias de ocasião.
Olhe em volta. Perceba que, de uns tempos para cá, todos parecem ter a mesma opinião sobre tudo - e pobre de quem ousar ser "diferente". Seja sobre conceitos básicos do cotidiano, acerca dos grandes problemas nacionais ou até mesmo no que toca à realidade vivida pela humanidade, vivemos em uma era de censura e alienação que não nos deixa lá tão distantes do Hospital Geral de Viena.
Encerro estas linhas recordando, em homenagem a Ignaz Phillip Semmelweis, a sábia exclamação de Voltaire: "não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-las".
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