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Congresso em Foco
22/12/2005 | Atualizado 23/12/2005 às 8:08
Diego Moraes
Na carona dos partidos, os políticos também começam a participar do fenômeno da internet. Os parlamentares aderiram à nova tendência, mas ainda não demonstram tanta intimidade com a rede. Embora metade dos congressistas tenha uma página na internet, a maioria não interfere diretamente no conteúdo veiculado e deixa o trabalho a cargo de assessores. Quando muito, colaboram com artigos semanais, às vezes mensais, e comentam algumas notícias que saem nos jornais. "Os políticos ainda não se deram conta do poder que a internet tem para reproduzir boas idéias", analisa o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
O pedetista é um dos que contrariam a regra. "Sou um maníaco pela internet", classifica-se. Ele diz receber cerca de 500 mensagens via e-mail todos os dias e garante que responde à maior parte delas. O parlamentar conta que começou a trocar informações em rede antes mesmo de a internet chegar ao Brasil, em 1986, quando ainda era reitor da Universidade de Brasília (UnB). "A UnB foi a primeira universidade do Brasil a entrar em rede, era chamada de 'bitnet'. Nem tinha microcomputador. Era um computador enorme, do tamanho de uma sala, e tinha que ir até o terminal."
Hoje ele se aventura pela internet em sua página pessoal, com um atalho na página do Senado, e com um blog, o famoso diário da internet, que se popularizou a partir de 2003. "Eu faço o blog pelo prazer que dá. Ele permite uma comunicação com vários grupos, diferentemente do e-mail, que é uma comunicação com uma pessoa", enfatiza.
Além de Cristovam, pelo menos outros cinco parlamentares hospedam blogs na internet: os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ), Denise Frossard (PPS-RJ), Roberto Freire (PPS-PE) e Inácio Arruda (PCdoB-CE) já aderiram a nova prática. No Senado, o tucano Antero Paes de Barros (MT) mantém um diário virtual, vinculado a sua página pessoal.
O blog de Gabeira é um dos mais atualizados, ao contrário do diário de Cristovam, que tem recebido cerca três publicações por mês. Os temas são dos mais diversos. Ontem (22.12), o principal assunto era a convocação extraordinária do Congresso. Gabeira foi um dos poucos parlamentares que devolveram o gordo dinheiro extra pago durante a convocação.
Em novembro, o deputado escreveu várias vezes sobre sua viagem à Serra da Canastra, em Minas Gerais. No dia 24 daquele mês, também aproveitou o espaço para criticar o papa Bento XVI, que proibiu a cantora Daniela Mercury de cantar no Vaticano por ela ter feito propagandas de incentivo ao uso da camisinha. "O caso Daniela Mercury é mais um atestado da distância entre o Vaticano e a vida real", publicou.
Sucesso de blog
Um dos que mais propagaram a onda dos blogs no cenário político foi o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. O pefelista hospedou um diário na internet e não passava um dia sem postar. Aproveitava o espaço um pouco para falar de sua gestão e muito para cutucar o governo Lula e comentar cada lance da crise política. "A internet se transformou num poderoso instrumento de comunicação política, com a vantagem de focalizar a comunicação", afirma Maia, em entrevista por e-mail ao Congresso em Foco.
Apesar do excelente número de visitas, cerca de 10 mil por dia, o prefeito encerrou o blog porque as publicações lhe tomavam muito tempo e causavam desgaste mental. "É um instrumento de parlamentar e não de chefe do Executivo", escreveu em seu diário em 30 de setembro, último dia de publicações. Maia reforça, porém, que abriu um precedente para a manifestação política e diz que a internet pode mudar os rumos da consciência crítica dos brasileiros em alguns anos.
"Os jovens não lêem jornais e usam apenas a internet. A leitura de jornais pela classe média já é feita pela internet, o que tira poder do editor, já que, na prática, o leitor é quem edita. Na campanha de 2004 foi importante. E agora é o mais importante meio de comunicação em pré-campanha política", diz o prefeito, enfatizando que a rede pode interferir nas eleições do próximo ano.
César Maia está preparado. Apesar de ter suspendido a publicação do blog, ele produz um boletim eletrônico diário, enviado por e-mail a milhares de pessoas.
Para o editor do Vermelho, site do PCdoB, a internet tem o poder de agilizar a comunicação interna no partido, o que pode facilitar o processo de estruturação das campanhas eleitorais. Porém, ele acredita que ainda é cedo para dizer que a rede pode trazer votos.
"O público leitor de internet é bem informado e não se deixa levar apenas pelo que lê no site do partido", afirma. "A internet não é uma determinante para conseguir votos. Não no Brasil, onde políticos podem ser donos de jornais ou podem conseguir o tempo de televisão que quiserem", pensa Cristovam.
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