A CPI mista dos Correios aprovou ontem, por 19 votos a 1, o pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) peça à Polícia Federal a prisão preventiva do empresário Marcos Valério. O requerimento foi apresentado por 20 parlamentares que compõem a CPI. O texto pede também que a PGR bloqueie os bens do empresário, acusado de ser o operador do mensalão.
Antes da votação, os parlamentares da CPI fizeram longo debate sobre as atribuições da CPI. O relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) deixou claro que a comissão não possui poder para determinar a prisão de ninguém. "O Ministério Público avaliará as argumentações apresentadas pela CPI. Se entender condizente, pedirá ao juiz de direito a prisão preventiva", disse o deputado.
O sim e o não
O único voto contrário ao encaminhamento do pedido de prisão de Valério foi do deputado Nelson Meurer (PP-PR). "Marcos Valério já prestou depoimento na Polícia Federal, aqui na CPI, na Comissão de Sindicância e não tem nenhum risco de ele deixar o País", argumentou.
Para a deputada Denise Frossard (PPS-RJ), a investigação da CPI tem caráter político e, futuramente, caberá ao Poder Judiciário julgar criminalmente os culpados. "Quero deixar registrado que, quando os nossos (colegas políticos) desfilarem aqui na frente, vou solicitar a prisão preventiva deles aqui também", declarou.
Favoráveis ao encaminhamento do pedido de prisão do empresário, os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e José Eduardo Cardozo (PT-SP) defenderam a aprovação temendo novas destruições de provas, assim como aconteceu com os documentos queimados da DNA Propaganda.
Os parlamentares argumentaram que, solto, o empresário poderia articular uma eventual destruição de documentos importantes para as investigações em curso na CPI. Os integrantes da comissão também consideram que Valério corre risco de vida.
Justificativas
Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira, Marcos Valério garantiu que "nunca pediu ou autorizou a inutilização" de qualquer documento da DNA.
Na mensagem, Valério afirma que não é o único responsável pelas empresas das quais participa como sócio e que os questionamentos devem ser feitos a todos eles. "Como pode ser verificado nos contratos sociais da SMPB Comunicação e da DNA Propaganda, em cada cheque emitido pelas agências devem constar as assinaturas de, pelo menos, dois sócios", diz a nota.
O discurso apresentado pelo empresário na nota foi o mesmo usado por Renilda de Souza, esposa de Marcos Valério, no depoimento na CPI na terça-feira. "Nenhum cheque pode ser assinado só por Marcos Valério; ele não é o único dono", afirmou a depoente.
Valério disse não ter qualquer relação com as gravações entre o policial aposentado Marco Túlio Prata e o contador Marco Aurélio Prata, suspeito de fazer a "contabilidade paralela" para as agências SMPB e DNA. O empresário afirmou que não conhece o ex-policial Marco Túlio Prata e tomou conhecimento pela imprensa de que ele é irmão do senhor Marco Aurélio Prata.
No último dia 14, a Polícia Civil de Minas Gerais apreendeu 12 caixas com mais de duas mil notas fiscais da empresa DNA Propaganda na casa de Marco Túlio. As notas de prestação de serviços - a maioria emitida em nomes de bancos no período de 1998 a 2004 - seriam queimadas.
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