A CPMI do INSS ouve nesta quinta-feira (25) o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, preso pela Polícia Federal e apontado como operador-chave do esquema de fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas. No depoimento, Antunes buscou se afastar do apelido que ganhou notoriedade na imprensa, "Careca do INSS", e negou qualquer envolvimento nas irregularidades.
"O denominado Careca do INSS não reflete quem eu sou, tampouco condiz com a minha história de trabalho, de resiliência e de dedicação ao empreendedorismo", afirmou. Segundo ele, desde a deflagração da Operação Sem Desconto, a mídia criou um "personagem fictício" que não corresponde à sua trajetória pessoal nem empresarial.
Apesar de afirmar que responderia às perguntas feitas com "educação, cordialidade e dentro do limite da ética", Antunes declarou que não iria responder ao relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O motivo, segundo ele, é que o parlamentar já teria formado juízo de valor contra ele. "Não responderei ao relator porque já fui condenado por ele nesta comissão sem direito à defesa."
Antunes relatou que sempre colaborou com as autoridades, entregando documentos, endereços e passaporte, além de comparecer a todos os atos em que sua presença foi solicitada. "Até porque o maior interessado nos esclarecimentos integrais dos fatos sou eu e, ainda assim, fui submetido a uma medida extremamente grave, baseada em premissas absolutamente equivocadas."
Ele disse que sua prisão preventiva foi decretada com base em acusações falsas feitas por um ex-parceiro comercial: "Jamais tentei obstruir qualquer investigação. Ao contrário, desde o início constituí uma defesa técnica, justamente para manter diálogo constante com os órgãos de persecução".
Empresa na mira
Ao tratar da sua empresa Prospect, Antunes afirmou que a sociedade, criada em 2022, sempre atuou dentro da legalidade. "A Prospect sempre pautou sua atuação dentro dos limites da legalidade, com registros contábeis transparentes, contratos formais e restrito cumprimento das obrigações fiscais e trabalhistas."
Ele informou que entregará à Polícia Federal mais de 180 gigabytes de informações, o que equivaleria a 18 milhões de páginas de documentos, para comprovar a efetiva prestação de serviços a associações.
Responsabilidade das associações
Antunes procurou afastar sua responsabilidade pelos descontos irregulares em aposentadorias. "Caso algum aposentado tenha sofrido descontos indevidos, a responsabilidade a ser apurada recai sobre as associações que eventualmente promoveram a inclusão dessas pessoas em seus quadros associativos e sem a devida anuência. E jamais sobre a minha empresa, que se limitava à prestação de serviços contratados por tais entidades."
Antunes finalizou sua apresentação reiterando que toda a sua prosperidade é fruto de trabalho honesto. "Nunca possuí patrimônio oriundo de roubo ou de qualquer prática ilícita, tampouco ocultei bens, seja no Brasil ou no exterior."